A notícia dos 120 mil portugueses desempregados que já nem tentam o apoio dos centros de emprego, portugueses a que o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) chama de desencorajados, dominou a primeira página do Expresso da semana passada mas carece de exatidão quantitativa – não são só 120 mil, somos quase 10 milhões de desencorajados.

Haverá no milhão de portugueses desempregados, 120 mil que além de terem perdido o emprego perderam também a perspetiva de voltar a ter uma ocupação na Economia formal, tendo igualmente perdido a vontade de procurar trabalho na interiorizada convicção da impossibilidade de sucesso dessa procura. Não há nada de pior para o nosso futuro.

Esta realidade torna mais urgente a necessidade de reencontrar a esperança, com sinais concretizáveis no dia a dia de quem vive um pesadelo muito assustador e sem qualquer réstia de luz. Esta realidade parece negar aquela máxima segundo a qual a esperança é sempre a última a morrer. Há pelo menos 120 mil exceções.

Tudo isto obriga a uma agenda de crescimento, capaz, em primeira linha, de estancar a espiral do desemprego. Uma agenda que deve contemplar setores críticos como o da Construção e do Imobiliário, onde o desemprego é sempre de difícil inversão e onde há espaço de crescimento, nomeadamente na necessária Reabilitação Urbana.

A emergência da situação obriga a que atuemos neste sentido, mesmo que se demore um pouco mais a pagar dívidas antigas. Se não resistirmos, tampouco conseguiremos pagar o que devemos. O alívio da situação interessa a todos, até aos nossos credores. Este desencorajamento geral é que não interessa a ninguém.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt

Publicado do dia 23 de fevereiro no Expresso

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