Hoje é o primeiro dia do mês de Augusto, em honra de César Augusto, mês gordo, que o imperador impôs com 31 dias, como o mês antecessor – o de Júlio, em honra de Júlio César. Em matéria de honrarias, nenhum imperador quer ficar com um dia que seja a menos dos dias dedicados aos seus pares.
O contrário, desvalorizar o que temos, o que é nosso e tem valor, um valor que se obtém pela soma de vários valores objectivos, o contrário do rigor de César Augusto, mesmo que não se refira a matéria de vaidade e honra, não é mais virtuoso. E isto é válido tanto para os bens imateriais como para os bens materiais, incluindo os imobiliários.
Hoje, perante dificuldades conjunturais iniludíveis, há quem tente desvalorizar o património imobiliário, forçando quebras de preços verdadeiramente imorais, alegando que os valores de mercado estarão hipervalorizados, como se em Portugal tivesse ocorrido uma “bolha” imobiliária especulativa como as que se verificaram em alguns países.
Em Portugal – e esta realidade é uma vantagem relativa neste contexto financeiramente turbulento -, os preços da oferta no mercado imobiliário são mais do que justos e apresentam-se, em muitas situações, com margens de lucro tão baixas que a simples sugestão de um maior abaixamento de preço é um perigoso indício suicida.
A confiança que o mercado imobiliário deve oferecer é incompatível com a cedência à fácil tentação de sacrificar a oferta para tentar tornear, entre outras, as dificuldades conjunturais do acesso da procura ao crédito. Não é esta a via que a mediação imobiliária deve seguir para conseguir casar a oferta com a procura.
A potencial procura que visita Portugal neste mês de César Augusto – entre turistas e emigrantes em férias – e a própria procura interna sabem valorizar Agosto e não pretendem dar menos valor ao valor que intuitivamente conferem aos bens desejados, incluindo bens imobiliários.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 1 de Agosto de 2009 no Expresso