Há uma semana, escrevi neste espaço, a propósito da convenção anual da associação de mediadores imobiliários dos Estados Unidos da América, uma centenária organização com mais de um milhão e duzentos mil associados, que ali, nesse palco, este ano erguido em San Diego, celebrou-se a arte de bem mediar. Hoje, oito dias depois, mais a Norte, sem o céu tão recortado pela linha dos edifícios em altura, julgo poder registar, que nestas paragens o imobiliário também celebra a Natureza.
Estou a referir-me ao Canadá, nomeadamente a Toronto, última paragem da viagem que este mês cumpri pela América do Norte, à frente de uma delegação da Associação de Profissionais e Empresas da Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), cidade cuja qualidade de vida se adivinha nos mais pequenos pormenores, visíveis desde o primeiro minuto que entramos num pais, que colocou na respectiva bandeira uma folha estilizada de um plátano, a árvore canadiana por excelência.
Recebidos com uma elegante hospitalidade por José Carlos Sousa, meu par no colégio dos presidentes da FIABCI, eu pela organização em Portugal e ele no Canadá, delegação que também adoptou a folha de plátano na respectiva imagem, recebidos tão agradavelmente por Carlos Sousa, pudemos ouvir, pela primeira vez nesta viagem, que o sector imobiliário no Canadá nunca esteve tão bem como neste ano de 2009. Há sectores em que o número de transacções imobiliárias terá subido em 80% relativamente ao ano anterior.
Aqui, nesta fronteira entre o construído e a Natureza, que o homem tenta preservar por respeito à própria Natureza, no confronto entre a água e a terra, um confronto que vem desde o tempo em que Toronto era um imenso glaciar do qual restam lagos tão grandes como a França e a alma do frio, aqui, neste espaço que se rende à terra planeta, as oportunidades de negócios são tão grandes como os desafios.
Esta foi a nossa primeira impressão do Canadá. E como não há segunda oportunidade para uma primeira impressão, é esta hospitalidade, este respeito pela Natureza, esta preocupação de fazer com que o sector imobiliário seja um dos pilares do desenvolvimento sustentado que marca a nossa chegada a Toronto, a última mas seguramente não a menos importante das etapas da referida viagem pela América do Norte. É que nós, mediadores imobiliários da APEMIP e os nossos colegas do Canadá também falamos a mesma linguagem.
Como dizia por outras palavras Carlos Sousa, no nosso primeiro encontro em Toronto e como que parafraseando o tantas vezes parafraseado professor doutor Abel Salazar, “o mediador que só sabe de mediação, nem de mediação sabe”. Aqui, mais do que em qualquer lugar, aprende-se que este negócio é metade oferta e outra metade procura. E é menos de metade cimento, para mais de metade verde. E o menos construído possível para o máximo de Natureza fruído. Em nome da qualidade de vida.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 27 de Novembro de 2009 no Sol