O papel insubstituível da mediação imobiliária no equilíbrio e no bom funcionamento do mercado é indissociável do atempado pagamento da comissão da mediação, e, os “esquecimentos” ou atrasos verificados nestes pagamentos põem em causa o próprio mercado e a própria Economia.
Numa opção, claramente primária e aparentemente fácil, poderá haver, face ao espectro das dificuldades que pairam sobre o mercado, promotores tentados a relegar para as calendas gregas o pagamento da comissão devida à mediação, comissão cujos valores dominantes oscilam entre os 3 e os 5%.
Ao pouparem, ilegitimamente e, por vezes, de má fé, a percentagem da mediação, estão, na pequena gula dessas dívidas, a por em causa a própria comercialização da quase totalidade dos respectivos empreendimentos, comercialização cada vez mais dependente dos bons serviços da mediação.
O tempo em que tudo ou quase tudo se vendia neste mercado imobiliário, até sem qualquer intervenção mediadora, o que aconteceu até mesmo quando o negócio era mediado, esse tempo, que correspondeu a um determinado momento do crescimento, algo desordenado do país, já lá vai há muito.
Hoje, pelo muito empenho que a mediação imobiliária tem no contributo que pode e deve dar ao desenvolvimento sustentado do sector, não é possível tolerar esse “crédito malparado” que resulta da falta de pagamento das comissões devidas pela promoção à mediação imobiliária
O encontro da oferta com a procura, neste mercado imobiliário maduro, é cada vez mais uma tarefa que exige profissionais apetrechados com os saberes certos para a levar a bom porto esse objectivo. Estes profissionais são, precisamente, os mediadores imobiliários que prestam serviços pagos.
Quando estes deixam de ser prestados – o que acontece num cenário de não pagamento dos mesmos –, a situação tende para a desregulação que não beneficie ninguém, muito menos quem julga que vai salvar-se por deixar de pagar uma comissão que é naturalmente devida.
O “lucro” da comissão sonegada – às vezes dividido pelo cliente seduzido pelo inesperado, mesmo que sonhado, desconto, – transforma-se, para o promotor, no pesadelo dos empreendimentos imobiliários que envelhecem sem que haja quem os promova junto da procura, gerando um cenário de abandono que também atinge o conivente cliente.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 28 de Julho de 2010 no Público Imobiliário