Augusto Mateus, ministro da Economia no tempo do primeiro-ministro de António Guterres, intervindo há dias numa conferência sobre Reabilitação Urbana, que teve lugar na EXPONOR, em que também participei, reconheceu a urgência da reabilitação para a própria recuperação económica, reconheceu que o sucesso da reabilitação depende da dinamização do mercado de arrendamento e que este não levanta voo se não for criada uma taxa liberatória para o arrendamento, equivalente ao imposto sobre os juros dos depósitos a prazo, que atenue o risco e aumente a atractividade dos investimentos.
Numa intervenção muito didáctica e muito agradável de seguir pela clareza de um discurso ricamente pontuado com referências históricas que acrescentam valor à reflexão desejada, mesmo quando sublinha “erros colectivos” cometidos, o Prof. Dr. Augusto Mateus lançou também sugestões para o destino dos 12 mil milhões de euros cativados para a capitalização da banca mas ainda não utilizados na opinião deste economista pelo desconforto que a banca sente com a ideia de ter o Estado como accionista.
Augusto Mateus sugeriu que aquela verba cativa possa ajudar a reestruturar as carteiras de crédito hipotecário e possa, em parte, ser injectada na Economia portuguesa . O economista deixou até uma receita para a duplicação daqueles 12 mil milhões, admitindo que estes possam vir a ser reforçados, em igual montante, por fundos estruturais e por capitais próprios, concluindo que 24 mil milhões de euros é, no presente contexto de austeridade, uma verba generosa para reanimar a nossa Economia.
A riquíssima conferência que decorreu no Centro de Congressos da EXPONOR em Matosinhos, numa organização da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), em paralelo com a Feira Internacional de Construção e Obras Públicas, CONCRETA 2011, assumiu-se, realmente, como forte contributo para uma maior dinâmica e visibilidade em torno da Reabilitação Urbana, matéria consensual no país que ainda não ganhou, infelizmente, o estatuto de prioridade nacional que lhe assiste. Esta reflexão proporcionada pela CPCI merecia maior projecção mediática do que a que realmente teve.
Tenho esperança que o Prof. Dr. Augusto Mateus, com quem nesse mesmo dia da conferência me cruzei nos velhinhos estúdios da RTP, no Monte da Virgem, tenha tido espaço e tempo, num mídia tão poderoso como é a televisão, para, com a capacidade comunicacional que se lhe reconhece, demonstrar, mais uma vez, a inevitabilidade dos caminhos que nós, profissionais da construção e do imobiliário, há muito apontamos, pensando especialmente no país.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 28 de Outubro de 2011 no Sol