Os portugueses que vivem no Grão-Ducado do Luxemburgo, uma comunidade que se aproxima das cem mil pessoas, o que corresponde a mais de 15 % da população total do país e a 50% da população estrangeira, é que estão bem. O Luxemburgo é o país europeu, onde o PIB per capita é mais elevado em paridades de poder de compra.
No Luxemburgo, aquele valor supera o dobro da média europeia (271,5%), segundo os números do Eurostat, ficando muito à frente dos outros dois do podium (a Noruega com 180,9% e a Suíça com 147%) e muitíssimo à frente de Portugal que se queda pelos 80% e é o terceiro pais mais pobre da Zona Euro, à frente apenas da Eslováquia e da Estónia.
Esta realidade é, de facto, preocupante e comprovada pelos números implacáveis do Instituto Nacional de Estatística (INE), segundo os quais um quinto dos portugueses vive com menos de 360 euros por mês. Paradoxalmente uma situação em parte potenciada pelo próprio Estado Social e pela forma como se introduziu em Portugal.
Esta é, por exemplo, a opinião de alguns economistas, como João César das Neves, que lembrou, com propriedade, que a Democracia trouxe uma desejável Segurança Social moderna, mas a sua introdução em Portugal fez diminuir as elevadas taxas de poupança do país, outrora potenciadas pela certeza de não haver dinheiro do Estado na velhice.
A dura realidade é que, não há tanta poupança e o dinheiro posto à disposição do Estado Social não é suficiente para evitar que haja dois milhões de portugueses no limiar da pobreza, mesmo a receber pensões de reforma, pensões de sobrevivência e outros subsídios do Estado.
Outro índice elevado preocupante, na medida em que traduz, inversamente, um menor estado de desenvolvimento, é o índice de desigualdades que se traduz na relação entre os mais pobres e os mais ricos, fosso social que no nosso país se assemelha aos dos países menos desenvolvidos.
Inverter a tendência para agravar este fosso é fundamental para superar as adversidades da actual conjuntura. Fazer aumentar a chamada classe média, retirando da base da pirâmide social o maior número de pessoas, pelo acesso ao emprego e à economia formal, é um dos segredos do crescimento, como se verificou no Brasil.
É também por aqui, a par de muitos outros vectores, como o do aumento da produtividade e da competitividade da nossa Economia que passa a solução para a nossa via pelo desenvolvimento. A situação não é fácil e não admira que nasçam por ano, no seio da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo, mais de 1200 crianças, num ratio muito superior ao nacional.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 23 de Dezembro de 2011 no Sol