A recorrente expressão bolha imobiliária pode ter as costas largas mas não deve servir para caracterizar as situações que resultam da dificuldade que existe atualmente em fazer encontrar a oferta com a procura, num quadro de escassez de crédito e de crescentes dificuldades no respetivo acesso.
Toda a gente reconhece que, em Portugal, os preços das casas não estão realmente inflacionados (uma das principais características de uma bolha imobiliária),e que existem, claramente identificados, interessados para uma grande parte da oferta imobiliária existente no nosso país.
O que acontece é que, uma fatia significativa desses mesmos interessados precisa de recorrer ao crédito e tem, no atual momento, grande dificuldade em obtê-lo, enquanto outros retardam a decisão de investir neste setor, até espreitando a possibilidade de uma quebra de preços que, a acontecer, seria desadequada.
Em Portugal não existem cidades fantasma, prontas a receber habitantes, construídas com base em pretextos bem pouco consistentes, como uma simples existência, no local da construção, de uma estação de metro, realidade que, infelizmente, existe e pode ser documentada aqui bem perto de nós, em Espanha.
Algumas periferias de grandes cidades ainda com casas devolutas são situações que se resolveriam se houvesse crédito para apoiar a procura e, principalmente, se houvesse a vontade de criar condições para o investimento neste setor, a pensar nos mercados do arrendamento urbano e da reabilitação urbana.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 18 de Janeiro de 2012 no Diário Económico