As dificuldades que o setor da construção atravessa, num quadro de indefinições para este setor fundamental da Economia Portuguesa, justificam que o Governo lhe conceda o estatuto de setor em reestruturação, minorando os prejuízos que inevitavelmente vão recair sobre muitos trabalhadores e o até o número de empresas que acabarão por encerrar.
Este estatuto elimina a limitação do número de trabalhadores a quem as empresas podem propor a cessação do contrato de trabalho por mútuo acordo, sem lhes vedar o acesso ao subsídio de desemprego, o que, indiretamente, “salvará” algumas empresas, grande parte das quais sem encomendas significativas a partir de março, como uma delegação da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) recentemente informou o Primeiro Ministro.
Este, infelizmente, é um problema que não é exclusivo das empresas de construção, atravessando transversalmente todo o setor, mediação imobiliária incluída, pelo que se justifica que a cúpula da CPCI, como aliás está previsto, assuma, em unidade este pedido, para evitar males maiores no setor, nomeadamente para evitar que o desemprego em Portugal suba subitamente para números nunca antes imaginados, bem perto dos 20% da população ativa.
Como ainda há dias disse numa mensagem que enviei aos representantes de todas as empresas associadas na APEMIP, também está em causa o empobrecimento do tecido económico português, em proporções nunca antes imaginadas. Podemos, de facto, estar a morrer com a cura.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 01 de Fevereiro de 2012 no Diário Económico