O que, infelizmente, ressalta de um ano de presença da Troika em Portugal, é o aumento brutal da taxa de desemprego, grande parte do qual proveniente do setor do Imobiliário e da Construção, um desemprego que já passou a fasquia dos 15 % e tem perspetivas de vir a aumentar ainda mais.
Quero crer que os efeitos do memorando de entendimento possam, a prazo, melhorar a situação de Portugal e dos portugueses, mas, no imediato, o sentimento de quem vive, aqui e agora, não é o mais esperançoso, mesmo que melhore a eficácia da comunicação nesta matéria.
Volto a citar o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, ao dizer, antes de ser ministro, que “nos tempos que correm o otimismo parece ser uma palavra anacrónica e desadequada” , o que até parece retirar qualquer sustentação à ideia de futuro para Portugal.
E volto também a lembrar, neste primeiro aniversário da Troika, que alguma inércia e algumas hesitações no que respeita à dinamização do mercado de arrendamento urbano e, por consequência, do mercado da Reabilitação Urbana, estão a fazer disparar o desemprego que marca este ano.
Enquanto os rendimentos provenientes do arrendamento urbano continuarem a ser mais penalizados do que depósitos bancários ou do que investimentos em fundos imobiliários, como acontece atualmente, não podemos perspetivar a reanimação do setor nem travar o desemprego galopante.
Este atinge no setor, trabalhadores de formação profissional estreita, sem idade para tentar emprego noutros setores, razão mais do que suficiente para – utilizando uma expressão antiga de um dos atuais governantes – entrar neste quase único comboio da reabilitação e do arrendamento urbanos.
Isto sem esquecer as conhecidas fragilidades em matéria de segurança social, agravadas pela necessidade de fazer descer rapidamente o défice das contas públicas, com todas as consequências para o crescente exército de desempregados a esvaziar o mercado interno e a classe média.
E, como é reconhecido, nunca houve em Portugal, nos tempos modernos, crescimento sem construção e sem obras públicas, razão mais do que suficiente para que a definição estratégica do quadro adequado à Reabilitação Urbana e ao Arrendamento Urbano não possa esperar.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 15 de abril de 2012 no Jornal de Notícias