O indesejável, mas plausível se nada for feito para o evitar, colapso do setor do Imobiliário e da Construção, será também o colapso do esforço nacional para o país sair da crise e voltar a uma dinâmica de crescimento económico minimamente sustentado. 

Este setor é já o principal contribuinte para o crescimento do desemprego, cujos valores recordes ameaçam continuar a subir e passar a fasquia dos 20%, onde só está a Grécia e a Espanha, fasquia verdadeiramente impensável, ainda há bem pouco tempo. 

Acresce que o desemprego do setor incide sobre uma população de formação profissional estreita, grande parte da qual em idade difícil para mudar de vida, duas características que favorecem o desemprego de longa duração, com todas as consequências inerentes. 

É por isso que o efeito dominó que se gerará com o eventual colapso do setor terá consequências muito graves para o todo nacional, a montante e a jusante, numa espiral recessiva e depressiva que a ninguém interessa. 

É por isso que volto a lembrar que um dos únicos comboios disponíveis para tirar o setor deste impasse é o comboio da Reabilitação Urbana, que também arrasta o Mercado do Arrendamento Urbano, ambos a aguardar definições urgentes para o futuro. 

Incentivar de forma clara o desejável interesse dos investidores (e até de alguma poupança que ainda reste no mercado interno) no mercado imobiliário português, que tem ainda espaço de crescimento qualitativo, é um desafio inadiável. E neste campo, a taxa liberatória sobre os proventos do arrendamento urbano não é uma perda de receitas, é uma necessidade para captar investimento.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 16 de abril de 2012 no Jornal i

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