Esta semana confirmaram-se tendências já desenhadas em valores relacionados com o mercado imobiliário. O número de transações baixou e as dações por incumprimento das obrigações com os créditos para aquisição de habitação subiram para valores impensáveis.

A queda das transações era previsível e até natural. Um mercado como o imobiliário português, onde mais de 75% das famílias são proprietárias da casa que habitam, dificilmente verá as transações imobiliárias a crescer.

Também a construção do novo tenderá a diminuir. O tempo é de reconstrução no sentido da qualificação do património construído. A reabilitação urbana e, por extensão, o arrendamento urbano, tenderão a aumentar antagonicamente à construção de raiz. 

O problema preocupante nos números agora conhecidos é o do aumento das dações para pagamento de créditos não satisfeitos. É problema para quem não consegue pagar o que deve, é problema para as instituições que atribuíram tais créditos e é problema para a Economia.

Esta acumulação de imóveis resgatados, num insólito stock de casas dadas à penhora, cria situações de saturação nas instituições financeiras que recebem tais imóveis, podendo gerar soluções para a recolocação de tais imóveis no mercado que desvalorizem brutalmente o património e provoquem um colapso em cadeia no sector, a atingir toda a Economia.

Um problema que merece maior reflexão.

Luís Carvalho Lima

Presidente da APEMIP

luislima@apemip.pt

Publicado no dia 21 de abril de 2012 no Expresso

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