Quando a população de um país é ameaçada por uma doença mortal com características de epidemia, estamos face a um problema de saúde pública que exige soluções adequadas. O património imobiliário português está nestas circunstâncias e requer uma intervenção série e rápida.
O imobiliário português, registe-se, integra a riqueza construída com muito sacrifício por muitas famílias portuguesas. Deixar que se perca numa desvalorização forçada que alastra como um vírus é desastroso para a própria Economia.
O problema, que se agrava com as soluções aparentemente fáceis da recolocação a preços de saldo dos imóveis devolvidos (dações) ou penhorados pelo fisco, tem de ser combatido na raiz, ou seja, antes que se verifiquem as situações de ruptura que facilitam a doença da desvalorização.
Antes da falência das famílias que perderam rendimentos com os quais sempre contaram e que estão a ver chegar facturas cada vez maiores, incluindo a do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), num aumento provocado por uma reavaliação do património imobiliário desencadeada no pior momento para as famílias.
O Mundo medianamente feliz que se construiu à volta de uma classe média que protagonizou o salto qualitativo, de aproximação ao resto da Europa, verificado em Portugal nos últimos anos, está a desabar com uma violência tal que ameaça alastrar em todas as direções. Isto sente-se bem no património imobiliário.
A desvalorização forçada deste património já não se limita às ofertas de certas periferias para as quais a procura potencial já não consegue aceder ao crédito de que necessita. A desvalorização está já a contaminar património que, pela qualidade e localização, devia pelo contrário valorizar-se. O sector está, de facto, em estado de emergência e como tal terá de ser tratado, antes que fique em estado de sítio.
Luís Lima
presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 07 de maio de 2012 no Jornal i