O espectro da anunciada maior austeridade, nomeadamente para a classe média, lançado, sem aviso prévio, como quem dá uma má notícia de chofre, contribuiu decisivamente para uma das mais negras semanas que o imobiliário português jamais viveu.

Na semana das más notícias fornecidas às pinguinhas, as quebras brutais no movimento da procura e as desistências ou adiamentos verificados em transações imobiliárias já acordadas e até financiadas pelos bancos, bateram todos os recordes anteriores e anunciam dias de acrescida dificuldade.

Confrontado em Paris, onde me encontrava para participar no primeiro Salão Imobiliário Português na capital francesa, com esta dura realidade, pedi a colaboradores da associação a que presido que auscultassem umas dezenas significativas de empresas do setor, de Norte a Sul do país, e os resultados obtidos na auscultação deste painel ad-hoc confirmaram as piores perspectivas.

Esta indesejada e forçada paralisação de um significativo setor da Economia é particularmente perigosa na exata medida em que dissemina desânimos tais que o nosso já difícil empenho nas mudanças necessárias esmorece. Nesta semana negra de Setembro ficámos todos mais próximos da desistência colectiva e não há nada pior do que isto para agudizar o fracasso.

Importa, mais do que nunca reagir, nomeadamente neste sector do imobiliário, sector que só fará parte da solução se deixar de ser a eterna árvore das patacas da Fazenda Pública e se resistir à ofensiva dos que querem cortar qualquer ligação ao imobiliário, revendendo-o ao desbarato apesar de ainda há pouco tempo terem apostado muito nele.

Luís Lima

presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 24 de setembro de 2012 no Jornal i

Translate »