Já confessei, neste mesmo espaço, acreditar na possibilidade de 2013 poder vir a ser ano 1 do arrendamento urbano e da reabilitação. Continuo a apostar na requalificação do nosso património construído, pela reabilitação dos degradados centros urbanos das nossas principais cidades como um dos caminhos mais seguros para o futuro do sector, mas começo a admitir que talvez seja necessário repensar os modelos que adotamos para fazer cumprir esta estratégia.

Este ano – que é também ano de eleições autárquicas – é, pelo próprio calendário eleitoral, um ano adequado a essa reflexão em torno dos modelos para a dinamização da reabilitação urbana. Esta, como se compreende, passa e tem mesmo de passar pelo Poder Local. Além de que a reabilitação do construído continua a ser um imperativo ético para com as gerações vindouras, num quadro realista de um desejado desenvolvimento sustentado.

Tudo isto é também uma solução para a própria situação económica, pois o comboio da reabilitação urbana, desde que avance e não fique parado longamente nas estações, como tem acontecido, pode e deve contribuir para a recuperação de milhares de postos de trabalho perdidos neste sector, alguns dos quais referentes a portugueses de formação profissional estreita e em idade difícil para adquirir novas formações.

A nova oportunidade que a construção e o imobiliário portugueses precisam – para bem da própria Economia de Portugal e no aproveitamento das capacidades que muitas das empresas portuguesas deste sector possuem  – passa pela manutenção da atividade dessas mesmas empresas, a estancar um desemprego que tende a ser de longa duração e de difícil inversão, sendo mais concretizável na necessária Reabilitação Urbana dos centros das nossas principais cidades.

Este caminho também ajudará Portugal a “vender-se” melhor no exterior como destino turístico de eleição que é.  Esta é, aliás, uma consciência crescente entre os autarcas portugueses, nomeadamente entre aqueles que reconhecem a dimensão do imobiliário como vetor para um desenvolvimento sustentado das cidades, mesmo em momentos de crise, e quando, como é o caso, o nosso mercado imobiliário não carece de suportar os maus efeitos das bolhas geradas pelo incremento de preços especulativos.

Na verdade, e como já tenho referido, em Portugal, o imobiliário pode ser um dos pilares de uma projeção do país pela via da promoção internacional das cidades, com efeitos positivos na dinamização do turismo, nomeadamente do turismo residencial. Um sector imobiliário com espaço de crescimento na Reabilitação Urbana capaz de atrair investimentos que a crise internacional tornou órfãos, um sector imobiliário como o nosso merece que a reabilitação seja mais dinâmica.

As cidades têm de reclamar, para si, esse dinamismo. Algumas, como por exemplo Lisboa, para apenas citar a mais emblemática, já o fazem, interna e externamente. E terão, crescentemente, de continuar a fazê-lo, mesmo que isto implique uma mudança de paradigma na dinamização da Reabilitação Urbana.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 20 de fevereiro de 2013 no Público

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