A Reabilitação Urbana é um projeto que não pode ser adiado por mais tempo e que deveria ser assumido pelo país com a urgência que a situação merece tendo, em conta uma série de razões atualíssimas que se ligam ao momento que Portugal e, obviamente, também, o Sector da Construção e do Imobiliário estão a viver, razões das quais destaco cinco.
Sem Reabilitação Urbana muita da riqueza do nosso património construído irá perder-se, num desperdício sempre inaceitável, mas mais ainda num país cuja economia enfrenta dificuldades reconhecidas. Portugal não é tão rico que possa dar-se ao luxo de desprezar uma riqueza construída com tanto sacrifício, deixando-a degradar irreversivelmente.
Sem Reabilitação Urbana aumentará o desemprego no sector da Construção e do Imobiliário, nomeadamente o desemprego de longa duração que atinge trabalhadores de menor formação profissional e idade média suficientemente elevada para dificultar o reingresso no mercado de trabalho mas insuficiente para o conduzir a uma situação de reforma, mesmo com penalizações.
Sem Reabilitação Urbana o mercado do Arrendamento Urbano não funcionará e vice versa. Utilizando palavras da senhora Ministra do Ordenamento do Território, proferidas num seminário da APEMIP realizado em Lisboa, “o Arrendamento Urbano é um dossier indispensável à viabilização da Reabilitação Urbana, com a qual deve dialogar em permanência”. Na verdade é, há muito, consensual que sem Reabilitação não haverá Arrendamento e sem Arrendamento não haverá Reabilitação.
Sem Reabilitação Urbana perder-se-á uma enorme fatia do turismo residencial. O imobiliário é, e poderá ser ainda mais, um dos pilares de uma projeção do país pela via da promoção internacional das cidades, com efeitos positivos na dinamização do turismo residencial, mas o espaço de crescimento desta oferta só se faz com a Reabilitação Urbana dos centros históricos das nossas principais cidades. Esta é uma das fórmulas mais consistentes para atrair investimentos que a crise internacional tornou órfãos.
Os mais de oito séculos de história do país europeu cujas fronteiras são as que estão há mais tempo desenhadas na Europa refletem-se nas nossas cidades e deixaram sucessivas e abundantes marcas que a Reabilitação Urbana pode e deve fazer realçar, contribuindo para a atratividade dessas mesmas cidades como locais únicos para o desenvolvimento de um turismo residencial de qualidade.
Conjugando tudo o que acabei de referir posso acrescentar que sem Reabilitação Urbana a própria recuperação Económica do país irá demorar muito mais tempo. É que esta, a recuperação económica, também depende da velocidade que este comboio da reabilitação urbana venha a atingir, particularmente, repito, no capítulo da recuperação de milhares de postos de trabalho perdidos pelo sector.
Por tudo isto, reafirmo que a Reabilitação Urbana é um projeto inadiável. Uma ideia que quero fazer passar por a considerar justa e verdadeira e que estará bem presente no Seminário Nacional que a APEMIP vai promover, dia 5 de Abril, na cidade do Porto, integrado numa semana dedicada à Reabilitação.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP –
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt
Publicado do dia 11 de março no Jornal i