O tema da Reabilitação Urbana, mote para uma semana de reflexão que termina depois de amanhã no Porto à qual a Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal a que presido, aderiu em força, tem de continuar na agenda política, nomeadamente na agenda do Poder Central e do Poder Local.
Como tive oportunidade de dizer numa intervenção pública da Semana de Reabilitação Urbana, o desafio da reabilitação contribui para a recuperação do sector imobiliário, pela inversão da tendência do flagelo do desemprego, sendo determinante para alimentar a nossa auto estima, o que também contribui para sairmos da crise.
Promover a Reabilitação Urbana é, no plano das cidades, manter as rotinas mínimas de fruição da cidadania. Não apetece viver, com tudo o que a vida implica, do trabalho aos tempos livres, numa cidade urbanisticamente degradada, potencialmente decadente e até geradora de vidas degradantes.
Esta foi, aliás, a mensagem do seminário que a APEMIP já organizou durante a semana em curso, um encontro mobilizado em torno da inadiabilidade da Reabilitação Urbana em Portugal, por força das nossas óbvias obrigações face ao futuro e das nossas preocupações face ao presente.
Mas para conseguirmos reconstruir as cidades onde gostamos de viver, com as preocupações de sustentabilidade que a nossa consciência de cidadãos implica, é necessário que esta discussão não saia das nossas agendas e se mantenha em permanência, não apenas durante uma semana mais mediática.
O ano de eleições autárquicas que estamos a viver é um ano excelente para fixar o tema da Reabilitação Urbana às agendas políticas, mobilizando nesta discussão políticos, investigadores e estudiosos, empresários ligados ao imobiliário e ligados à construção, artistas com vontade de intervir nas cidades e todos nós.
Sabemos, como também o disse no Porto, que a concretização das nossas vontades, mesmo quando são justas como são as que querem a reabilitação urbana, nem sempre avança ao ritmo mais desejado. Isto é verdade mas também é verdade que estamos a chegar a um momento em que é impossível adiar estas opções por mais tempo.
Tenho repetido até à exaustão que não somos suficientemente ricos para podermos dar-nos ao luxo de deixar degradar a enorme riqueza patrimonial que fomos construindo ao longo do tempo. Por isso defendo a reabilitação urbana das nossas cidades como uma prioridade indispensável ao renascimento do próprio país.
Esta opção implica também uma mudança de mentalidades tão necessária até para gerar outros comportamentos e outras atitudes que propiciam, por exemplo, uma maior produtividade, a vários níveis, entre outros vetores reconhecidamente necessários aos objetivos que dizemos querer alcançar.
O tempo em que alguns de nós desconsideravam problemas como os da sustentabilidade, da poupança de energia ou das questões ambientais, também presentes no âmbito da Reabilitação Urbana, está há muito acabado e há muito que deixou de ser uma moda para passar a ser uma condição do acesso às cidadanias.
Luís Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP –
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luislima@apemip.pt
Publicado no dia 8 de abril de 2013 no Diário Económico