A esperançosa alteração, verificada no segundo trimestre de 2013, no ciclo recessivo da Economia portuguesa que esteve a contrair-se consecutivamente durante quase mil dias, numa queda permanente agora interrompida e em parte invertida com o Produto Interno Bruto (PIB) a registar uma progressão de 1,1%, não basta para cantar vitórias mas é um sinal muito significativo que temos de manter vivo.
Nos segundos três meses do ano, o investimento entre nós desceu menos do que vinha a descer, as exportações subiram mais do que vinham a subir, nomeadamente para uma Europa que também interrompeu um ciclo recessivo, e até o desemprego, embora mantendo-se em níveis muito elevados, registou uma quebra também ela esperançosa. Recuperar emprego é sempre uma esperança mesmo que essa recuperação comece por ser sazonal.
Sabemos que esta mudança de rumo ainda é insuficiente para fazer do presente ano um ano de crescimento económico. O ano de 2013 continuará a ser marcado por restrições ao consumo privado, por menos investimento e menos procura interna, por uma elevada taxa de desemprego, mas a inversão de rumo detetada no segundo trimestre devolve-nos um enorme capital de esperança que é fundamental para o ânimo que precisamos.
Registar que vamos cair menos do que se pensava, num momento em que a Zona Euro (com a Alemanha a servir de locomotiva e a França a sair do limbo recessivo em que se encontrava) inicia um ciclo de recuperação é um sinal muito positivo, especialmente se nos lembrarmos que a maioria das nossa exportações segue para a Europa, com a Espanha, a França e a Alemanha a absorverem quase metade do que exportamos.
Sublinho este momento sem euforias mas cheio de esperança. O vetor subjetivo da esperança e da confiança no comportamento das Economias é absolutamente indispensável a qualquer estratégia de recuperação que vise crescimento e desenvolvimento sustentáveis. A esperança e a confiança que os números do segundo trimestre de 2013 projetam é que devem merecer estas claras e justas referências positivas.
Independentemente destes resultados estarem a beneficiar de um aumento nas exportações, muito centrado nos produtos petrolíferos que são refinados em Portugal e até também de uma menor contração do consumo das famílias conseguida indiretamente pelas decisões judiciais que travaram parte da austeridade inicialmente desenhada, a verdade é que são resultados concretos muito esperançosos.
De certa maneira, este números frios também fazem doutrina ao mostrar que um alívio na austeridade tem consequências automáticas quase imediatas e positivas no próprio comportamento da Economia como muitos especialistas, de todas as sensibilidades económicas e políticas, vinham dizendo. Também neste aspeto a análise do comportamento da nossa Economia no segundo trimestre de 2013 pode ser esperançosa.
Mesmo considerando que basta um trimestre positivo em cadeia para se sair tecnicamente da recessão, contra dois trimestres consecutivos negativos para se entrar, a verdade é que os números mais recentes das nossas estatísticas dizem que estamos a inverter o rumo que vínhamos trilhando há quase mil dias. Está nas nossa mãos tentar consolidar, e consolidar mesmo, esta mudança.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 19 de Agosto de 2013 no Jornal i