O prefeito do Rio de Janeiro, cargo que corresponde no edifício administrativo de Portugal a presidente de câmara municipal, declarou há dias, numa entrevista ao jornal Globo, que pagará o que for necessário para que Woody Allen dirija um filme cuja ação se desenrole no Rio, a cidade maravilhosa.
Eduardo Paes manifestou-se disposto a pagar todos os milhões da produção de um tal filme mesmo reconhecendo que tal disposição fará com que o Reage Artista, um movimento de artistas e cidadãos de defesa da cultura brasileira, se insurja contra tal.
Paes sabe que o realizador norte-americano de Vicky Cristina Barcelona, de Meia-Noite em Paris e de Roma Com Amor namora há muito o Rio de Janeiro como possível cenário para um filme que a realizar-se será um instrumento de promoção da cidade, uma das cidades da Copa do Mundo de 2014 e a cidade dos Jogos Olímpicos de 2016.
O prefeito do Rio de Janeiro terá já tentado influenciar uma potencial escolha do Rio de Janeiro por parte do realizador norte-americano pedindo mediação à produtora Letty Aronson, irmã do realizador, e ao arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que é vizinho de Woody Allen em Nova Iorque.
Por cá, é público que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, não desdenharia ver Woody Allen a dirigir um filme que pudesse mostrar ao Mundo a cidade de Lisboa, tendo chegado a correr na Internet informações que apontavam neste sentido.
A cidade de Lisboa, como aliás a do Rio de Janeiro, é uma cidade com alma mais do que suficiente para ser escolhida como cidade onde um realizador global como Woody Allen possa dirigir um filme que, no caso, será seguramente visto por milhões de espectadores e se transformará numa promoção na nossa capital.
Um filme é uma solução de marketing eficaz, se o realizador tiver índices de sucesso como tem Woody Allen, mas é também sempre, com ou sem sucesso, uma solução cara para fazer chegar aos mercados internacionais, entre mercados clássicos e novos mercados, a nossa oferta imobiliário de excelência.
Eduardo Paes, o prefeito do Rio de Janeiro, tem orçamentos mais generosos para poder ousar gastar na produção de um filme de Woody Allen que aqueles que António Costa, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, dispõe para este tipo de ações.
Mas nem só de filmes vive a promoção das cidades ou dos países no esforço de internacionalização das respetivas economias, no caso através da promoção do imobiliário turístico, mercado que Portugal pode oferecer ao Mundo com garantia de qualidade e com uma relação preço / qualidade único.
Há outros instrumentos menos dispendiosos, como a promoção direta da nossa imagem e das nossas ofertas que, neste caso específico passa pela presença em feiras e em certames do sector que se realizem nos países do nosso público alvo, incluindo neste a procura em mercados que tradicionalmente nos procuram e noutros, emergentes, que o fazem pela primeira vez.
É isso que não podemos descurar na rentrée que se aproxima e que é sempre marcada por encontros internacionais de relevo para o sector imobiliário, no estrangeiro e em Portugal, como é o caso do Salão Imobiliário de Portugal (SIL2013) . Nesta rentrée, mais do que nunca, temos de saber internacionalizar o nosso sector.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 26 de Agosto de 2013 no Jornal i