Fazer lóbi (a ação do “lobbying” na expressão inglesa mais generalizada) é uma atividade reconhecida e regulamentada de forma rigorosa em muitas democracias maduras e até em grandes centros políticos mundiais, como seja Washington, a capital dos Estados Unidos da América, Nova Iorque, a sede das Nações Unidas, Bruxelas, sede da União Europeia ou Estrasburgo, sede do Conselho da Europa.
É uma prática assumida por Governos (Portugal fez lóbi nos EUA contra a Indonésia e a favor de Timor-Leste), é uma prática reconhecida por líderes mundiais como o Papa Francisco, que recentemente admitiu a existência de lóbis no Vaticano e na Cúria Romana, e é uma prática só possível de existir de forma transparente em Democracia.
A legitimidade da existência de lóbis é tanto mais inquestionável quanto mais transparente for a atividade dos lobistas e os interesses específicos que cada um representa. Uma prática que nunca, em situação alguma, pode ser confundida com a velha “cunha”, com o clássico compadrio ou muito menos com tráfico de influências.
Muitos politólogos defendem a urgência da regulamentação da prática do lóbi como condição indispensável para tornar mais transparente as relações entre a Sociedade Civil e os Poderes Públicos. Isto já acontece em muitos países de democracias bem consolidadas, onde as populações exigem saber como e em nome de quê atuam os lobistas.
O sector imobiliário português carece, há muito, de uma estrutura que se assuma como defensora do património construído e que, por exemplo, lidere campanhas e ações tendentes a travar as injustificadas desvalorizações desse mesmo património, e não apenas em nome e em defesa de milhares de consumidores portugueses proprietários da casa que habitam.
Num país onde não existiu uma bolha imobiliária, onde, de uma maneira geral, a construção para habitação (e não só) oferece-se numa relação preço / qualidade invulgarmente equilibrada, a desvalorização dos preços do património imobiliário só pode ganhar alguma dimensão por força de lóbis ocultos e ilegítimos que tentam influenciar nesse sentido.
Pelo papel que tenho vindo a desempenhar como dirigente do movimento associativo empresarial deste sector, em Portugal e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tenho vindo também a ser desafiado, por muita gente em quem acredito e cuja opinião conta, para mobilizar a minha rede de influência no sentido da constituição de uma estrutura que defenda o nosso imobiliário.
É um desafio legítimo e patriótico, de defesa dos interesses da nossa própria Economia e dos interesses da esmagadora maioria das famílias portuguesas que foram aliciadas a tornarem-se proprietárias da casa onde vivem e estão agora a ser vítimas de políticas determinadas pela influência negativa de quem está no terreno a defender interesses nada transparentes e muito menos justos.
Por tudo isto sinto que está na hora de reagir pela positiva e com determinação na defesa do nosso património construído, uma riqueza que não podemos continuar a desbaratar.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 16 de Setembro de 2013 no Diário Económico