Na contestação ou na afirmação, na situação ou na oposição, a jogar em casa ou a jogar fora, por muito que seja penoso enfrentar a outra parte, quando e se, por exemplo, essa outra parte não cumpre regras e mostra-se capaz das maiores indignidades, a única resposta possível é resistir e renovar a legitimidade no rigoroso respeito pelo edifício legal em vigor.
A tentação de desistir, especialmente quando o que está em causa é um trabalho voluntário, que deve ser feito, que é importante para a sociedade mas que é muitas vezes vítima de invejas e sempre penoso, a tentação de desistir é grande mas tem de ser ultrapassada, especialmente quando a desistência é perder a legitimidade e a força que esta oferece.
Esta irreversível verticalidade deve fazer parte de quem está na vida pública, seja na política, stricto sensu, seja no associativismo empresarial, seja nas organizações não governamentais, como um dos genes do ADN de quem é livre e solidário e pode, em qualquer momento, mostrar-se de forma transparente por saber que quem não deve não teme.
Hoje, por recente experiência no associativismo empresarial, sei o quão difícil é enfrentar o populismo mais rasteiro, feito de insinuações, de meias palavras, de conluios obscuros, alguns com alguns poderes, sem ceder à vontade de desistir que o desconforto pessoal pede quando esse desconforto resulta de uma atividade que está muito longe de oferecer qualquer benefício pessoal.
Mas também sei que desistir teria sido deitar a perder muito do que de positivo foi já conseguido para trás e teria sido renunciar a testar a própria legitimidade e a própria convicção de legitimidade, posta em causa de forma inimaginável e por métodos que se julgava terem sido erradicados da nossa democracia.
A legitimidade readquirida e reforçada pelo facto de ter sido posta em causa e de mesmo assim ter sido confirmada dá outro ânimo para, por exemplo, tentar contribuir para a melhoria da própria atividade do associativismo empresarial… E depois, então, cumprido que esteja este objectivo fundamental para o país poder então sair sem qualquer sombra de pecado.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 02 de Dezembro de 2013 no Diário Económico