Escrevi em tempos, numa das minhas reflexões públicas sobre este sector, que o imobiliário português oferece-se à procura, de investidores tradicionais e de outros interessados, em muito melhores condições e garantias do que as que são apresentadas por outros mercados imobiliários a regressar à normalidade, como é o caso dos Estados Unidos da América, nomeadamente na Florida.

Em Portugal, o stock de imóveis existentes nas zonas onde há procura vai descer significativamente durante o presente ano de 2014 devendo ficar praticamente absorvido na primeira metade de 2015. Está mais do que na hora de relançar o nosso património construído e de ultrapassar o que parece ser uma incapacidade para promovermos esta nossa riqueza.

Parte da responsabilidade por este regresso à normalidade em mercados imobiliários que sofreram vicissitudes muito maiores do que o nosso (nomeadamente suportando o rebentamento de enormes bolhas que entre nós não existiram) deve-se às políticas anti deflacionistas de alguns bancos centrais, políticas suficientemente inteligentes para, num momento excecional como o que vivemos terem baixado as taxas de juro de referência até ao valor zero.

Paralelamente, o vasto mercado norte-americano, para citar apresentar um exemplo de um país onde deflagrou uma das maiores bolhas imobiliárias de sempre, conseguiu convencer muitos investidores institucionais a comprar grande parte dos stocks imobiliários acumulados para, numa fase inicial, travar a quebra de preços que poderia verificar-se e que, não sendo travada, desvalorizaria um património muito para lá dos ajustamentos que a bolha teria de determinar.

Quando possuímos uma oferta tão variada, tão invulgar e de enorme qualidade – que incluem casas solarengas a Norte, quintas em regiões únicas como a Região Demarcada do Douro ou noutras regiões não menos apetecíveis, imóveis centenários em cidades históricas como Lisboa e como o Porto, já reabilitados ou preparados para a reabilitação, sem esquecer uma costa de 700 quilómetros de praias para todos os gostos e preferências climatéricas – quando temos uma oferta destas, que poderá faltar para que o nosso imobiliário se imponha?

Alguém duvida que face a uma crise como a que vivemos desde 2008, os investidores mais prudentes fujam das oscilações e incertezas dos investimentos voláteis, como alguns que estiveram no centro da própria crise do sistema financeiro, e procurem mercados mais previsíveis como os mercados imobiliários estabilizados e não especulativos?

Neste momento decisivo é realmente importante promover as vantagens que o sector imobiliário oferece em Portugal, completando um puzzle de alguns sinais positivos, e mostrando aos investidores indecisos a segurança dos mercados saudáveis e comprometidos com a sustentabilidade do próprio desenvolvimento.

Reconheço, por experiencia própria, que esta tarefa não é fácil e implica meios nem sempre disponíveis como desejaríamos. Mas embora difícil é indispensável para que o imobiliário volte a ser uma das locomotivas da Economia.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 05 de fevereiro de 2014 no Público

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