A existência de um Conselho Deontológico na Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) é, há muito, o reconhecimento da maioridade e da responsabilidade que a associação transmite, revelando a crescente importância da ética profissional na vida das empresas do sector.
Fruto da ação da APEMIP, os poderes públicos e o público há muito que deixaram de ter desconfianças relativamente à actividade da mediação imobiliária, numa mudança de atitude consolidada por uma intervenção nas transacções imobiliárias que funciona como garantia de segurança para todas as partes, incluindo o Estado.
Sempre sublinho que em Portugal, por força da lei e por força da própria natureza desta atividade, somos os profissionais que melhor aproximam a oferta da procura, mantendo uma equidistância entre estas duas partes, sem perder características próprias de provedoria natural do consumidor.
Esta vocação de defesa do consumidor interessa ao mercado, interessa à procura, interessa à oferta e interessa à Economia do país, pois contribui para dinamizar o próprio ritmo do mercado dando sinais transparentes para a oferta e respondendo à sensibilidade e às necessidades reais da procura.
Sendo, como somos, os profissionais que mais operam no terreno, há muito que nos assumimos como os melhores conselheiros da promoção imobiliária, desempenhando a montante do processo que entronca o mercado imobiliário um papel muito difícil de substituir.
Esta vocação de aconselhamento (igualmente exercida sobre a procura, na avaliação das taxas de esforço e das reais possibilidades de cada interessado poder concretizar uma transacção imobiliária) é uma competência inerente a uma atividade que, nos últimos tempos, tem também prestado bom serviço no que toca à internacionalização do nosso imobiliário, desafio que já captou – e pode ainda captar muito mais – centenas de milhões de euros de investimento externo.
Este caminho, que já justifica uma discussão mais concreta visando a auto-regulação responsável, consolida-se com uma permanente atenção à formação profissional, mesmo no quadro atual em que esta vertente foi relegada pelos poderes para um plano menos imperativo.
Também venho dizendo que esta actividade é um conjunto multidisciplinar de saberes cruzados, com noções aprofundadas sobre Arquitectura, sobre Urbanismo, sobre Economia, sobre Gestão, sobre Sociologia, e até sobre Direito que justifica o elevado reconhecimento que a Sociedade e o Estado lhe vão prestando.
Já na vigência da crise financeira que afeta o sector, a Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) reconheceu que Portugal é um dos países exemplares onde o mercado imobiliário melhor aplica as regras e os princípios que as próprias Nações Unidas defendem como indispensáveis para que o sector imobiliário se assuma como um dos pilares do desenvolvimento e contribua para uma urgente retoma económica no quadro das vicissitudes geradas a partir de 2008.
Modéstia à parte, a APEMIP é uma das instituições que mais créditos deve receber por este avanço do sector imobiliário português, incluindo pelo papel que desempenhou, e do qual muito me orgulho, no impulso à internacionalização, nomeadamente na constituição da Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP).
Luís Lima
Presidente APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 05 de março de 2014 no Público