A pergunta tem perfeito cabimento – podemos competir com Miami Beach ? E a resposta é só uma – podemos e devemos mas é difícil, está a ser difícil. Apesar de Palm Beach já não ser o que era e da Brickell Avenue já não ser uma das localizações mais procuradas e caras para o imobiliário da Florida.
Há uns anos reflectindo sobre a concorrência da Florida lembrava que o “boom” imobiliário do princípio do milénio em Miami superava o da década anterior e ocorria num cenário económico e demográfico favorável ao sector residencial. A procura estava ávida e absorvia a oferta, mesmo a preços elevados. A Florida era desejada como destino de vida para muita gente e isso causou alta dos preços de imóveis residenciais.
Miami já captou investimentos internacionais na América Latina e na Europa, neste caso potenciados nos momentos do euro forte, e tornou-se com a famosíssima Palm Beach, a dos arranha-céus de luxo, desenhados por arrojados arquitectos com comodidades e vistas ímpares, um desejo de sonho, a que se soma um clima agradável e até uma baixa dos impostos sobre o imobiliário.
Foi um destino de aposentados, apresentando menos residentes nascidos no Estado do que nascidos noutras paragens, mas cedeu à tentação das especulações que geram bolhas e registou, no rescaldo da crise financeira despoletada em 2008, uma desvalorização de preços na ordem dos 60%, sempre mau para quem investe.
Nós que estamos na Europa, que temos um clima ameno, nomeadamente em muitas localizações turísticas, ofertas imobiliárias de qualidade a preços equilibrados, sem sombras de bolhas de preços, regimes fiscais especiais para estrangeiros e um país que acolhe os outros como poucos, nós podemos sonhar, por exemplo, com uma procura brasileira semelhante à que mobilizou os brasileiros para o mercado de Miami onde já detiverem 20% do investimento no imobiliário turístico.
Mas isto só se consegue com uma intensa diplomacia económica que, no nosso caso, tem de ser feita quase que exclusivamente por conta própria ao contrário do que acontece com a promoção da oferta imobiliária da Florida, cujo marketing é muito apoiado pelas autoridades norte-americanas, como ainda há dias pude confirmar quando participei no Congresso Internacional do Mercado Imobiliário (CONVENSI / CIMI) que teve lugar em Fortaleza, num esforço para trazer mais investidores brasileiros ao próximo Salão Imobiliário de Portugal (SIL 2014).
Podemos e devemos competir com Miami Beach, mas não é fácil. Recém regressado do Brasil tenho convicção firmada de que a presença de investidores brasileiros no próximo Salão Imobiliário de Portugal, a abrir já do dia 8 de Outubro em Lisboa, será fortíssima ombreando com outras presenças igualmente significativas com as provenientes de Angola, da China, do Dubai, apesar da escassez de meios para a nossa própria promoção internacional, comparativamente com aqueles que são postos à disposição dos nossos mais directos concorrentes.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 26 de setembro de 2014 no SOL