Os avalistas da agência de notação Moody’s – talvez outros que não os que deram boas notas ao banco de investimento norte-americano Lehman Brothers poucas semanas antes dele falir ou os que foram impotentes para adivinhar o colapso da banca islandesa – estão agora a prever que os preços das casas em Portugal vão passar a subir menos.
O rigor das previsões destes avalistas é muito menor do que o rigor das previsões meteorológicas, estas últimas baseadas nas estatísticas registadas para situações semelhantes, e, muitas vezes, os valores adiantados acabam por ser valores mais errados do que os valores há décadas divulgados sobre a chuva e o sol que vai acontecer neste ou naquele território.
Sempre que os agoiros das agências de notação ameaçam a nossa vida económica, lembro-me de Christopher Smart, então responsável do Departamento do Tesouro americano para os assuntos europeus, dizer que a Europa preocupa-se demasiado com as notas das agências de rating, numa declaração tanto mais assombrosa quando proferida num momento em que os Estados Unidos da América estavam prestes a entrar em incumprimento temporário relativamente à respectiva divida soberana, sem que tal merecesse nota menos boa dessas agências.
Perante a subida – superior a 2% – verificada em 2014 no preço das casas, a Moody’s, que nunca reconheceu esta realidade ou que nunca deu relevo a esta realidade, vem agora dizer que tal subida poderá parar. Com a diminuição de construção de nova e com a inexistência de oferta imobiliária em localizações de grande procura, o futuro, pelo menos nesses nichos, parece diferente do previsto pela agência. De referir, no entanto, que a própria Moody’s admite a valorização do imobiliário nos centros históricos de Lisboa e do Porto.
O que a Moody’s nunca reconheceu, mesmo perante a evidência, é que Portugal não apresentava bolhas imobiliárias quando a crise desencadeada pela falência do Lehman Brothers nos atingiu a todos – ao contrário de outros países, europeus e americanos – assumindo-se desde logo como um bom mercado imobiliário para investimentos seguros. Esta é que é e continua a ser a nossa realidade.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 27 de Abril de 2015 no Diário Económico