O valor médio de avaliação bancária, realizada no âmbito da concessão de crédito à habitação, estabilizou em Março, relativamente aos valores de Fevereiro, quando avaliado no todo nacional, mas aumentou mais de 4% na Área Metropolitana de Lisboa. Os números estão nos jornais e foram revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O INE iniciou em fevereiro de 2015 a publicação de valores médios de avaliação bancária, com dados retrospetivos a janeiro 2011, tendo, em simultâneo, passado a divulgar a informação do valor médio de avaliação bancária relativo à área urbana de municípios com população superior a 100.000 habitantes, com base nos dados dos Censos 2011.
Mesmo considerando que o Inquérito à Avaliação Bancária na Habitação (IABH) só recolhe informação caraterizadora dos alojamentos que são objeto de financiamento bancário e em cujo processo há lugar a uma avaliação técnica de cada imóvel, tenho de reconhecer que este universo fornece indícios importantes para percebermos as tendências do mercado.
A mais baixa das três avaliações que, em Portugal, incidem sobre um bem imobiliário, está finalmente e felizmente a subir, numa inversão de tendência agora rumo ao valor real do bem que é, ou deveria ser, o valor de referência desse mesmo bem num mercado saudável, isto é, a funcionar normalmente e sem factores estranhos a distorcer o próprio mercado.
A avaliação bancária dos bens imobiliários – que já foi a mais alta de todas – tende, agora, a coincidir com os chamados valores de referência do Mercado diferindo apenas da sempre inflacionada avaliação que as autoridades fiscais sempre gostam de aplicar sobre o património construído.
É preciso não esquecer que em Portugal, nas emergências das promoções imobiliárias, alguns produtos imobiliários sofreram ajustamentos de preços, embora felizmente tenhamos resistido a permitir que alguns interesses pontuais pudessem ser determinantes no preço das casas. Desde logo por termos sido apanhados na crise sem bolha imobiliária, o que foi uma benção.
Em Portugal, entre 1996 e 2006, a valorização acumulada real dos preços da habitação foi inferior a 10%, em contraste com valorizações da ordem dos 80% nos Estados Unidos, na Holanda ou na Grécia, valorizações de 110% em Espanha, de 140% no Reino Unido e até de 180% na Irlanda. Estes números provam que não tivemos bolha e que a desvalorização forçada não se justificava.
É pois lógico que, exceptuando situações de urgência de liquidez ou ânsia em libertar activos imobiliários, que sempre ocorrerão em qualquer mercado, os preços do nosso imobiliário tendam a subir, sem euforias, mas a subir, ao contrário de algumas previsões que às vezes pecam por transformar em realidades o que não passe de desejos.
Os preços no mercado imobiliário variam sempre em função da localização e da qualidade da construção. Localizações apetecíveis, em zonas residenciais de excelência de grandes cidades, junto ao mar ou na margem de certos rios, ou produtos imobiliários de elevada qualidade, são, naturalmente mais elevados do que os preços dos imóveis que aguardam interessados em periferias muito povoadas e de acentuado processo de degradação urbanística e social.
Mas o que os números mostram é que os preços das casas tendem a subir. Prudentemente mas a subir
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 27 de Abril de 2015 no Jornal i