A Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, nascida em 1953 com a doação ao Estado do Palácio Azurara e de parte significativa da colecção privada do patrono, é hoje um Mu-seu de Artes Decorativas com múltiplas oficinas de artes e ofícios tradicionais portugue-ses que favorecem a actividade de duas escolas que se acolhem na fundação (a Escola Superior de Artes Decorativas e o Instituto de Artes e Ofícios) bem como o trabalho de conservação e restauro que ali se desenvolve de forma altamente especializada.
A fundação, situada no Palácio Azurara, às Portas do Sol, justifica plenamente o apoio que a Câmara Municipal de Lisboa deliberou atribuir-lhe tendo em conta a importância cultural do trabalho ali desenvolvido e o conhecido facto da instituição, que era apoiada pelo Grupo Espírito Santo (GES), ter perdido um dos principais apoios financeiros que recebia. Aplaudo com satisfação esta atitude sublinhando o que a proposta que o próprio presidente Fernando Medina apresentou refere – que a fundação é “um projeto de inquestionável relevância cultural”.
De acordo com o que foi tornado público, o protocolo celebrado entre a Câmara de Lisboa e a Fundação tem como contrapartidas para a cidade a cedência de espaços para even-tos da autarquia e para atividades para crianças da freguesia onde se situa o edifício da fundação. O protocolo também refere que é da competência da Câmara Municipal de Lis-boa apoiar ou comparticipar, pelos meios adequados, no apoio a atividades que contribu-am de forma significativa para a dinamização cultural da cidade de Lisboa.
Isto sem esquecer a mais valia, no plano turístico, que um espaço como aquele, aberto ao público, representa e sem esquecer – o que é pelo menos tão importante como tudo o resto – o papel praticamente único que a Fundação desempenha na preservação dos sa-ber-fazer tradicionais. O Palácio Azurara, sede da Fundação, é, para mim um espaço muito especial pois tem sido o palco de muitos dos momentos importantes da Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa.
Na turbulência das notícias e dos acontecimentos que têm envolvido o Grupo Espírito Santo (GES) nos últimos meses, com as múltiplas ramificações, verdadeiras ou falsas, que estão associadas a este terramoto ocorrido em pleno coração do mundo financeiro português, e não só, atitudes políticas, que são também culturais, como a que justifica o protocolo celebrado entre a Câmara de Lisboa e a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, são merecedoras dos maiores elogios.
Nem sempre é fácil justificar a justiça das coisas, especialmente quando há coisas que são claramente contaminadas pela má influência de algumas opiniões publicadas e até de parte da opinião pública. É precisamente nestes momentos em que não devemos calar a voz do que pensamos ser justo. Bem hajam pois todos quantos fazem a justiça de viabilizar instituição tão significativa como é a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 17 de Agosto de 2015 no Diário Económico