Os números oficiais sobre as transações de alojamentos familiares realizadas em Portugal durante o ano de 2016 foram divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística.

Durante aquele ano realizaram-se 127.106 transações de habitações, registando-se um crescimento de 18,5% face a 2015, um número bem próximo das estimativas apresentadas pela APEMIP no início deste ano, que apontavam para um aumento na ordem 20%, confirmando deste modo a fiabilidade dos números reunidos e divulgados pela associação, que são um indicador muito importante para a monitorização do mercado imobiliário. 

Desde 2013, que o número de transações imobiliárias realizadas em Portugal tem vindo a aumentar consecutivamente, marcando o regresso do sector imobiliário à linha da frente do crescimento e do desenvolvimento económico, não só deste mercado mas também do País

A minha perceção, como empresário do sector e dirigente do movimento associativo empresarial, vai, há muito, no sentido agora confirmado pelo rigor dos números contabilizados, que representam um investimento de 14,8 mil milhões de euros, mais 18,7% que em 2015.

Estes números, revelam um sector mais otimista, pujante, e influenciado pelas dinâmicas do mercado, entre as quais se destacam o investimento estrangeiro, que continua a ser impulsionado pelos programas de captações de investimento como a Autorização de Residência para Atividades de Investimento (os denominados “vistos gold”) ou pelo Regime Fiscal para Residentes Não Habituais. O mercado interno representa também uma fatia muito importante deste bolo, pelas dinâmicas que tem registado, apresentando-se o imobiliário como uma boa alternativa de investimento.

No entanto, é importante que o sector imobiliário possa consolidar este otimismo e os programas âncora para o seu desenvolvimento, limando alguns aspetos que necessitam de ser corrigidos.

Recordo que, apesar de positivos, os números das transações de habitações em Portugal em 2016 ficaram aquém da expetativa, e isso deveu-se a alguns sinais negativos que foram dados ao mercado, e que retraíram o investimento.

Falo de situações como a criação do novo imposto sobre o património, o Adicional ao IMI, ou do problema de credibilidade que se criou devido aos atrasos na concessão e renovação de vistos de residência ao abrigo do programa dos Vistos Gold, acabou por afastar alguns investidores que ficaram de pé atrás com a transparência e segurança do mercado imobiliário português.

Este é um sector muito sensível, que flutua facilmente com todos os sinais que são transmitidos para o mercado. Neste caso, perdemos mais do que aquilo que poderíamos ter ganho.

A tendência de crescimento mantém-se e não pode nem deve ser travada por situações anómalas e inesperadas, como alterações ou tentativas de alteração nos mecanismos fiscais ou nos programas de investimento dirigidos para este sector.

Podemos crescer mais e melhor, e de uma forma mais equitativa por todo o país, promovendo a criação de emprego e a consolidação económica do País. Assim  nos permitam. 

Luis Lima
Presidente da APEMIP
luislima@apemip.pt

Publicado no dia 29 de Março de 2017 no Público

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