A nossa vocação de bons construtores e reconstrutores de cidades tem séculos de história documentada.

A construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, conhecido como Mosteiro da Batalha, revela esta mesma vocação e qualidade da construção Portuguesa.

Contextualizando um pouco a história, recordo que este Mosteiro foi desenhado por Mestre Afonso Domingues, um desenho que sofreu alterações posteriormente, por um mestre estrangeiro que considerou impossível concretizar o projeto original.

O que aconteceu depois, é conhecido – a abóbada do mosteiro, construída segundo as regras do mestre estrangeiro, ruiu e foi reconstruida segundo o projeto inicial do Mestre Afonso Domingues, estando ainda hoje de pé.

Esta pequena parte da história de Portugal, comprova que desde há muitos anos que somos reconhecidos como bons construtores e reconstrutores de cidades – a qualidade do trabalho levado a cabo pelos portugueses é incontornável e coloca-nos numa posição bastante favorável em relação a muitos outros países do mundo. Este é apenas um motivo pelo qual o nosso imobiliário deveria merecer um maior destaque no contexto social e económico que hoje vivemos.

E por isso amanhã, simbolicamente é certo, o sector imobiliário voltará a colocar-se “sob a abóbada” para provar aos poderes e à opinião pública que é um sector insubstituível em qualquer agenda de crescimento económico de um país.

Isso acontecerá naquele que será o I Encontro Nacional da Construção e do Imobiliário, que terá lugar no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, e que reunirá empresários e trabalhadores das mais diversas áreas que engloba este sector que até há bem pouco tempo representava cerca de 20% do nosso Produto Interno Bruto. 

Apesar de ser um encontro sectorial não é, certamente, um encontro corporativo organizado com o intuito de pressionar os poderes competentes no sentido da concessão de privilégios em vez de legítimos direitos. 

É sim, um encontro que servirá para colocar na agenda os problemas que hoje o sector imobiliário e tudo o que este representa enfrenta, com a transparência que o momento particular exige de todos nós e sem esquecer a necessidade que temos de disciplinar as nossas contas, procurando encontrar soluções e debatendo-as, garantindo e mostrando uma vez mais que este sector deverá faze parte da solução para a crise conjuntural que hoje o país atravessa.

Pela via da reabilitação dos centros urbanos das nossas principais cidades e pela potencial e inerente dinamização do mercado de arrendamento urbano, que não se dinamizará por decreto mas pela adoção de incentivos concretos, jamais vistos como despesa mas sim como instrumento para investimento.

Não me cansarei de dizer, fazendo eco da opinião de gente bem qualificada, que este comboio da reabilitação urbana e do arrendamento é um dos raros em que podemos embarcar para trilhamos o caminho do crescimento, indispensável à nossa própria recuperação. Assim saiba o país encontrar este consenso. 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 04 de junho de 2012 no Diário Económico

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