Em Copacabana o motivo desenhado na calçada portuguesa (os brasileiros chamam-lhe pedras portuguesas), sugere o movimento das ondas do mar. É um trabalho de muita paciência – diz um taxista do Rio de Janeiro na viagem para o Aeroporto do Galeão  –  que só os portugueses possuem. A paciência, entenda-se.

 

Será esta paciência, reconhecida a milhares de quilómetros de Portugal, um vector fundamental para os importantes factores de competitividade? Sendo ou não sendo, é na competitividade que reside o segredo da imperiosa criação e consolidação de uma dinâmica de crescimento sustentado.

Pela competitividade poder-se-á compensar as limitações ao crescimento (e consequentemente ao desenvolvimento), que as medidas de austeridade negociadas com o Banco Central Europeu e com o Fundo Monetário Internacional inevitavelmente geram, num contexto financeiro mundial desfavorável ao país.

Por estranho que pareça, face ao quadro limitado de recursos, exige-se e deseja-se a inversão do ciclo de quebra acumulada de produção e de perda de postos de trabalho no sector da Construção e do Imobiliário, um dos motores das economias modernas.

Isto é do interesse nacional, principalmente neste contexto de aperto, o que implica, por exemplo, que se aposte a sério na Reabilitação Urbana, recuperando, desde já dezenas de milhares de postos de trabalho.

O aumento da competitividade portuguesa não se alcançará apenas com a paciência dos bons calceteiros portugueses, mas esta paciência ajuda muito.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 22 de Junho de 2011 no Diário Económico

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