Se a par de uma companhia aérea de bandeira – no nosso caso a TAP Air Portugal – alguns países possam gabar-se de ter uma instituição financeira, ou seja, um banco, de bandeira, então o nosso banco de bandeira é a Caixa, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) que recentemente foi ao mercado colocar mil milhões de euros em obrigações hipotecárias com uma taxa reduzida, operação que lhe permitirá ter ofertas de financiamento mais atrativas.
Como na altura deste financiamento disse o administrador financeiro da Caixa Geral de Depósitos, Dr. João Nuno Palma, a aposta na Economia, que esta situação permite, virar-se-á para as empresas, nomeadamente para as PMEs e para as empresas exportadoras mas também no apoio ao crédito hipotecário com “”spreads” mais baixos nos empréstimos para a compra de casa.
Revendo em baixa as taxas cobradas nos empréstimos para a compra de casa própria, a caixa reduziu em 75 pontos base o “spread” mínimo, colocando-o em 1,75% , a mais baixa taxa do mercado e a primeira, após a crise desencadeada em 2008, a baixar dos 2%. Sem dúvida uma belíssima notícia para o mercado imobiliário português.
Os “spreads” têm vindo a descer desde o inicio de 2014. Não será previsível que voltem a atingir mínimos históricos do género dos 0,3% como chegou a acontecer antes da crise, mas a barreira dos 2% ultrapassada com os 1,75% decididos pela Caixa é um marco para a Economia. Isto graças à operação histórica da Caixa que conseguiu financiar-se a juros há muito não obtidos quer pela Caixa quer por qualquer outro banco em Portugal.
O crédito para aquisição de casa própria volta a estar disponível em algumas instituições bancárias, a juros competitivos e equilibrados, com este justíssimo destaque para a Caixa que ousa baixar o mínimo para 1,75%, confirmando-se as palavras do Dr João Nuno Palma na hora de comentar o sucesso da colocação de mil milhões de euros em obrigações hipotecárias.
Julgando não cometer nenhuma inconfidência, lembro, hoje aqui, que fui apresentado ao Dr João Nuno Palma na cidade do Maputo, em Moçambique, por um amigo comum que generosamente se referiu a mim como alguém que intransigentemente defendia o valor dos ativos imobiliários contra tentativas de desvalorização forçada dos mesmos então tentadoras.
Sendo verdade que sempre defendi tal valor, retribui, com justiça o elogio, reconhecendo que a Caixa Geral de Depósitos – a instituição bancária de bandeira de Portugal – soube resistir a tais tentações numa resistência que resultou na defesa da riqueza de muitas famílias portuguesas, nomeadamente de todas aquelas que adquiriram casa própria e conseguiram mantê-las durante a crise.
Esta visão do longo curso contribuiu também para que a Caixa tenha entrado em 2015 como o banco que aponta, em Portugal, o caminho numa maior aposta na Economia, como o prova esta descida histórica dos “spreads” em empréstimos à habitação, decisão que também é o reconhecimento do papel do imobiliário da recuperação do país. Isto é ser um banco de bandeira.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 04 de Março de 2015 no Público