Como disse aos meus colegas da mediação imobiliária que residem e trabalham na Ilha da Madeira, nesta hora muito difícil, todos nós temos a obrigação de sermos também madeirenses, no sentir mais profundo do nosso todo nacional, nestes momentos, e a meu ver, sempre, claramente indivisível.

Como presidente de uma associação que possui empresas associadas na Região Autónoma da Madeira, reafirmei a nossa disponibilidade para colaborar, na medida em que nos for possível, no apoio às pessoas mais atingidas pelo mau tempo e na reconstrução das áreas afectadas, solicitando aos representantes das empresas da região associadas na APEMIP, que interpretem o sentido mais adequado deste nosso dever colectivo de solidariedade.

Mas tão importante, ou quase tão importante, como estar, efectivamente disponível para ser solidário, é apreender as lições que esta manifestação da Natureza nos proporciona, à custa, infelizmente, de muitas vidas e de uma parte significativa do património construído. Estes trágicos efeitos deverão, no mínimo e a seu tempo, também merecer de todos nós, uma reflexão alargada sobre a forma como construímos e reconstruímos cidades.

Por outro lado, situações extremas como as que estão a viver-se na Ilha da Madeira, exigem que todos nós saibamos, sem perda da nossa própria identidade politica, relevar o que nos une de forma a que realmente possamos somar, na mesma coluna e no mesmo sentido, todas as vontades que se mobilizam para desencadear o processo de recuperação, reabilitação e até regeneração que esta realidade impõe.

Sem escamotear as naturais e saudáveis diferenças que tornam coloridas as democracias, o momento que vivemos em Portugal, pelo cuidado que esta parte de nós que é a Ilha da Madeira nos merece, é mais de convergência do que de divergência, e deve visar uma concertação de interesses, semelhante à que, no plano das opções de desenvolvimento do país, deveria também, marcar este tempo politico, seja no Continente seja nas ilhas.

As fragilidades que evidenciamos na Ilha da Madeira, são enormes e tocam-nos a todos, de uma forma brutal e imediata. De evidência menor, embora não menos reais, e também, potencialmente duras, são as fragilidades da nossa economia, o que exige o mesmo cuidado na convergência dos nossos esforços, esforços políticos incluídos, para superar vicissitudes herdadas da crise financeira mundial. É, também por isto, que devemos saber retirar o máximo de ensinamentos destas lições da Madeira.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 24 de Fevereiro de 2010 no Público Imobiliário

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