O número de turistas no Algarve registou, no primeiro trimestre de 2013, um aumento significativo relativamente a idêntico período do ano passado, com os turistas estrangeiros a compensar a quebra da procura interna, cujo poder de compra tem vindo a diminuir, mas que ainda continua a ser o maior mercado algarvio.

Com uma taxa de ocupação hoteleira a rondar os 25%, nos primeiros três meses do ano, época naturalmente baixa, este início do ano é, apesar de tudo, menos gravosa do que se temeria inicialmente, com a curiosidade dos mercados mais tradicionais (o interno, o do Reino Unido e o da Alemanha) continuarem no pódio da procura a Sul.

Estas leituras, apesar de globalmente positivas, merecem um aprofundamento maior. Há mais turistas, mas o volume de negócios não acompanhou essa subida, pois parte dela é resultado de uma política de preços mais competitiva. Coerentemente, há um aumento de passageiros low cost no Aeroporto de Faro, mas menos tacadas de golfe nos campos algarvios.

Na Páscoa, o Algarve recebeu menos espanhois, um dos grandes mercados, e detectava-se uma tendência, então aparentemente compreensível, para a chegada de menos  ingleses e menos irlandeses, cujas economias também passam por apertos significativos, mas a “ofensiva” da diplomacia económica portuguesa e do movimento empresarial português no sentido da promoção de Portugal veio a detectar, mais recentemente, numa mostra de imobiliário e de turismo residencial português em Londres, um regresso dos nossos clientes mais habituais.

O turismo português – como também sempre digo – tem de cativar brasileiros, russos, indianos ou chineses. Mas tem também de se reinventar para projectar com eficácia a oferta de qualidade que possui e para que esta oferta possa aproximar-se de procura endinheirada que anda à descoberta de destinos novos.

Neste esforço de adaptação talvez seja também necessário repensar as nossas escolhas como país que se oferece, balançando entre um turismo de massas, em parte influenciado pelo turismo do Sul de Espanha, e um turismo de maior qualidade, mais selecionado, ou ambos. 

Hoje, face às boas notícias da retoma turística no Algarve, insisto na ideia de que o Algarve talvez precise de uma Casa da Música, como a do Porto, ou de um Museu Berardo como o que está instalado no Centro Cultural de Belém. Ou de outra atração turística sólida. Já não basta Sol, Mar e canais de televisão abertos sobre a primeira liga do futebol inglês.

A este propósito devo recordar que o melhor resort do Mediterrâneo 2012, atribuído pelo World Travel Awards, recaiu no Hotel Quinta do Lago, no Algarve, junto à Ria Formosa e ao Atlântico, em pleno coração do Parque Natural da Ria Formosa. Como na altura disse, este hotel de referência mundial, enquadrado por uma natureza cuidadosamente preservada num dos mais belos estuários de rias do Mundo, colocou-se e coloco-nos, mais uma vez, no mapa dos destinos turísticos de excelência.

Pelo voto, registe-se do público e dos profissionais do turismo (estes com um peso superior), o que torna mais credível a qualificação alcançada e a importância do que poderemos chamar de frente turística.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 08 de Julho de 2013 no Jornal i

Translate »