Há uma geração de jovens que se dedicam à política, geração que alguns, com alguma oportunidade, denominam como a Geração MP3, que está a fazer uma verdadeira revolução de mentalidades, e está a apetrechar tecnologicamente a Democracia, desmaterializando, eliminando e simplificando milhares de actos notariais e registrais que eram,efectivamente inúteis e anquilosantes.
A ousadia dessa revolução silenciosa que é o SIMPLEX, revolução que está a aniquilar uma burocracia ainda há bem pouco tempo sufocante, corresponde, como acontece no caso dos balcões Casa Pronta, a uma efectiva poupança para o público e para os profissionais da mediação, sem a perda da segurança e da fiabilidade que alguns velhos do Restelo agoiravam.
Quando já olhamos para a possibilidade de termos um acesso rápido e directo, via internet, a todas as informações das Conservatórias e das Finanças referentes ao bem imóvel que estamos a mediar, é justo sublinhar os passos que já foram dados no combate à burocracia, para também relevar que estas opções contribuíram, decisivamente, para minorar muitos dos efeitos da crise.
As modernas tecnologias de comunicação e informação que adivinhamos quando falamos na Geração MP3 são, de facto, ferramentas que podem simplificar a vida das populações. Mas este salto no sentido do futuro, só se consolida se conseguirmos alterar mentalidades, especialmente quando as práticas cuja alteração reclamamos, escondem privilégios de uns poucos, quase sempre herdeiros dessa casta de pessoas que gostam de inventar muitas dificuldades para, insidiosamente melhor conseguirem vender facilidades.
Ninguém nos tira estes cinco anos de SIMPLEX que o país já viveu. E ninguém quer regressar ao tempo em que só visionários acreditavam ser possível criar empresas na hora, via Internet, comprar e registar uma casa também na hora e com um único atendimento ou simplesmente registar marcas e/ou patentes. Tampouco, podemos aceitar que esta geração desempoeirada que simplificou a vida a milhares e milhares de cidadãos, seja acusada de asfixiar financeiramente a máquina da… burocracia.
Pactuar com tais acusações, seria, não apenas, ser conivente com um acto de injustiça como reconhecer que fazer politica, jamais poderia voltar a ser algo de nobre, ao serviço de todos nós, como, felizmente, uma certa Geração MP3, está a ensaiar, desarmadilhando todas as velhas ideias que alimentamos sobre estas matérias.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 10 de Março de 2010 no Público Imobiliário