Estou de acordo com aqueles que identificam um novo Poder Local em Portugal, ou seja, uma segunda geração de autarcas com um olhar mais global para o desenvolvimento das cidades, menos permeáveis à cimentização pura e dura e mais preocupados com um desenvolvimento sustentado e sustentável que olha em primeiro lugar para as pessoas.

Sem renegarem as respectivas matrizes, algumas mais marcadamente ideológicas do que outras, mas todas políticas, há autarcas independentes ou filiados em partidos que se assumem como exemplo desta nova geração de presidentes de câmara, gestores dos espaços mais importantes para a cidadania das populações.

Com a mesma certeza de não estar a pecar politicamente, tanto aplaudo o socialista Dr António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, um exemplo de empenho na defesa do património construído e da sua reabilitação como tenho esperança na ação que o social democrata Dr. Almeida Henriques venha a desempenhar na Câmara Municipal de Viseu.

Cito hoje o Dr Almeida Henriques, um dirigente do associativismo empresarial que foi Secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional do atual governo antes de se candidatar e vencer a Câmara de Viseu para testemunhar uma das suas virtudes políticas que o torna um potencial bom autarca – o de ser amigo do imobiliário.

No Governo a que pertenceu antes de aceitar o desafio de gerir uma das cidades médias de maior referência em Portugal, o Dr Almeida Henriques nem sempre conseguia dar as notícias que o sector imobiliário gostaria de ouvir e que ele reconhecia serem justas, mas sempre fez questão de assumir as orientações possíveis e de as transmitir, olhos nos olhos, mesmo quando menos agradáveis.

Esta frontalidade, acompanhada de uma potencial abertura para a negociação diplomática, é fundamental para que as cidades possam dar uma salto qualitativo e contribuir para um desenvolvimento que o Poder Central parece ter poucas condições de incentivar, apesar de todos reconhecermos que esse desenvolvimento é fundamental para o nosso futuro.

Parece que está na hora do nosso país se transformar num Portugal de localidades, expressão que aprendemos a usar quando, num passado não muito longínquo, falávamos numa Europa de cidades, com o mesmo peso que já demos às expressões Europa das Nações ou Europa das Regiões. Não por uma questão de moda, mas pelo rigor relativamente ao centro do nosso desenvolvimento. Um desenvolvimento que passa, claramente, pelo imobiliário.

Desde que não seja só à custa do IMI.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 26 de Outubro de 2013 no Jornal de Notícias

Translate »