Aqueles que aguardavam melhor momento para comprar casa ou para investir no imobiliário, esperançados que os preços pudessem baixar mais, sabem agora que este é o momento mais favorável para tais aquisições ou para tais investimentos – a tendência está a inverter-se e os preços começam de novo a subir, até mesmo em mercados onde houve uma bolha imobiliária, como foi o caso do mercado imobiliário dos Estados Unidos da América.

Aqui, na América da Lehman Brothers, a instituição financeira muito ligada ao crédito imobiliário cuja falência, em 2008, é um marco na actual crise financeira mundial, os preços das casas estão a registar, pela primeira vez há longo tempo, um movimento de ganhos inédito desde 2006, que este ano já atinge a esperançosa média de 7,1% que é visto como um consistente indicador de uma sólida recuperação dos mercados.

Nos Estados Unidos, segundo dados fornecidos pela Federal Housing Finance Agency, um departamento com jurisdição em todo o território norte-americano, a oferta começa a ser inferior à procura, regra que, em princípio gera aumento dos preços, cenário a que se junta a diminuição do desemprego e dos custos dos empréstimos, actualmente aos números mais baixos de sempre. 

Entre nós, que não houve bolha imobiliária de preços mas onde, por contágio e por outras razões importadas, também assistimos a uma quebra de preços no mercado imobiliário, esta inversão de ciclo nos Estados Unidos ajudará, subjectivamente, a idêntico movimento, há muito justificado. Mesmo em localizações onde parece haver excesso de oferta (grande parte da qual é apenas dificuldade da procura aceder ao crédito) onde os preços não irão quebrar mais do que já quebraram para satisfazer alguma especulação externa.

Estamos, por variadíssimas razões, incluindo a da adopção de agendas de crescimento por toda a Europa, a viver um momento de mudança, ainda não visível com facilidade, mas seguramente um claro momento de mudança, há muito desejado e indispensável a Portugal e a outros países da Europa, que necessariamente terá de contemplar a recuperação do valor do património imobiliário construído.

Estou sinceramente esperançado que esteja a chegar ao fim a retracção de alguns investidores interessados nos mercados imobiliários e que o nosso, objectivamente seguro e sem qualquer sombra de bolha imobiliária nos últimos anos, possa, finalmente, assumir-se como um mercado apetecível, especialmente com a Reabilitação Urbana em curso, e com as potencialidades que esta ganha no quadro do mercado de arrendamento urbano e nas pontes que faz para o turismo residencial.

Como sempre defendi, o nosso imobiliário continua a ter condições para servir de refúgio a poupanças e a investimentos, nacionais e estrangeiros, alternativos a outros investimentos que a crise que estamos a viver revelou serem menos seguros, especialmente os investimentos em produtos financeiros tóxicos que estiveram na base da instabilidade financeira mundial que marca este tempo.

As notícias difundidas pela Federal Housing Finance Agency são pois boas notícias pelo que indiciam de mudança, no mercado imobiliário dos Estados Unidos da América, mas também, pelo contágio que podem gerar, para outros mercados imobiliários, incluindo o nosso, mercados onde os factores subjectivos são determinantes para o próprio desenvolvimento dos negócios, como aliás se provou pelos efeitos negativos que aqui sentimos aquando da falência da americana Lehman Brothers.

 

Luís Lima

Presidente da CIMLOP

Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

presidente@cimlop.com

 

 

Publicado no dia 03 de maio de 2013 no Jornal SOL

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