A disputar espaço aos comentários sobre a vitória de Donald Trump nas eleições para a Presidência dos Estados Unidos apareceu, entre outras, uma notícia a revelar que os chineses foram, em 2015, os principais investidores no setor imobiliário dos EUA. Não é só em Portugal que os chineses mostram  interesse em adquirir ativos seguros. 

A notícia revela que, nos últimos cinco anos, o fluxo do investimento chinês em propriedade residencial e comercial norte-americana superou os cem mil milhões de dólares prevendo-se que duplique nos próximos cinco anos, ou seja, que ultrapasse os duzentos mil milhões de dólares, valor cuja dimensão é mais visível se for revelado de forma mista – 200.000 milhões de dólares.

Estes valores, constantes num estudo desenvolvido pela Asia Society, uma organização não governamental,  e pela Rosen Consulting Group, uma consultora que opera no sector,  sublinha que o investimento chinês é muito elevado mas também se distribui praticamente por todos os segmentos do mercado imobiliário, residencial incluído.

Isto mesmo ignorando os investimentos chineses feitos por grandes empresas e por fundos de investimentos da própria China, como por exemplo a Anbang, que há dois anos quis comprar o Novo Banco em Portugal, e que comprou o Nova Iorque Waldorf Astoria, um dos mais conhecidos hotéis da cidade por quase dois mil milhões de dólares.

Na China, como em Portugal, segundo revelações do estudo que tenho vindo a citar, por referências de terceiros, nomeadamente da Imprensa, a vontade de canalizar poupanças para o imobiliário é dominante até entre o pequeno investidor chinês, relativamente falando, que apostam no imobiliário residencial e numa segunda residência e autorização de residência no estrangeiro.

Por tudo isto só posso sublinhar que a capacidade de investimento dos chineses é tão grande que poderá manter o nível de investimentos no sector em Portugal, a médio e a longo prazo, mesmo que outras nacionalidades venham a retrair-se nesta procura dos nossos activos mais seguros.

Cidades como Guimarães, como Viseu, como Aveiro, como Beja, como Évora, como Coimbra, para citar algumas cidades portuguesas, que não a de Lisboa e a do Porto, que possuem activos históricos de grande interesse, cidades como as citadas também podem vir a beneficiar do interesse chinês em investir no imobiliário.

Claro que isto só ocorrerá se se resolver o problema dos atrasos nos processos de concessão e de renovação dos vistos gold associados ao investimento imobiliário, atrasos burocráticos que afugentam investidores de países de fora da União Europeia e que sujam a nossa própria reputação de país aberto ao investidor externo.

Num quadro também marcado pela desvalorização da moeda chinesa, o yuan, face ao dólar norte-americano, esta vontade de comprar activos no estrangeiro é ainda mais forte. Nós sabemo-lo como poucos pois quase 90% (em rigor 87%) dos estrangeiros que pedem autorização de residência em Portugal por via do investimento imobiliário são chineses.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 14 de Novembro de 2016 no Jornal i

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