O Presidente de Timor-Leste, Dr. José Ramos-Horta, político que em 1996 partilhou o prémio Nobel da Paz com o Bispo Católico D. Ximenes Belo, disse em Xangai, quando visitou o pavilhão de Portugal na EXPO 2010, que a entrada da Guiné Equatorial, como membro de pleno direito, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma hipótese positiva, acrescentando, na oportunidade, que os pedidos da Austrália e da Indonésia para integrarem este espaço com o estatuto de observadores associados, serão bem recebidos.
É bem verdade que são os interesses geo-estratégicos e económicos o que mais determina a geografia mundial. Poucos contestarão, em nome das coordenadas geográficas, a entrada da Turquia para a União Europeia, apesar deste pais continuar a ter mais de 90% do seu território na Ásia. Também o espaço da lusofonia ultrapassa a própria língua comum, mesmo sem que se diga, como também disse o Presidente Ramos-Horta, que “o espanhol é quase um dialecto português”.
A atracção que países como Angola ou como o Brasil, com elevadas taxas de crescimento económico, podem exercer no Mundo, é suficientemente forte para justificar que, até a Espanha, possa entrar para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, pelo menos como observador associado, estatuto criado em 1998. Esperançadamente – para citar um diplomata português – não por razões puramente económicas, mas pela vontade de integrar um fórum de concertação política e cultural.
E o que se aplica à CPLP poderá também aplicar-se à própria Confederação Imobiliária de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), Confederação de direito privado que antecipou este olhar global para as sinergias de todos os espaços que possam minimamente unir-se e que tem, como um dos principais objectivos, o da captação de investimento, nas áreas da construção e do imobiliário, para os países de origem dos seus membros, fomentando a partilha de negócios, através dos agentes da mediação imobiliária.
Já não há novos mundos para descobrir e mostrar ao Mundo, como em quinhentos, mas há novos espaços económicos a redesenhar e a descobrir neste esforço generalizado, para superar os actuais desafios, que move as economias de mercado. É aliás este o cenário que enquadra toda aquela discussão ibérica em torno da aquisição, pela espanhola telefónica, da posição que a PT portuguesa detém na brasileira VIVO.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 23 de Julho de 2010 no Sol