Há uma frase do discurso que há quatro anos proferi em Luanda, aquando da constituição da Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), que continua muito actual e que, com frequência, cito como acontece hoje, com oportunidade mais do que justificada. Disse nessa frase que as cidades são a fábrica e o produto desta nossa fileira da construção e do imobiliário. Hoje posso repeti-la lembrando a minha recente visita à cidade do Kilamba, a mais jovem cidade de África, com menos de três anos de existência.

A cidade do Kilamba é uma das 14 novas cidades previstas no Plano Nacional de Urbanismo e Habitação que o Governo de Angola desenhou tendo em vista a redução do défice habitacional, a necessidade de descentralização e de criação de condições de acesso à habitação a preços comportáveis pelas famílias em localizações que ofereçam uma verdadeira qualidade de vida e que não sejam apenas dormitórios de uma qualquer periferia.

No caso específico da cidade do Kilamba há também a necessidade de aliviar a cidade de Luanda da pressão demográfica que sobre ela a guerra exerceu – dimensionada para cerca de meio milhão de pessoas, Luanda foi obrigada a receber uma população várias vezes superior que fugia de zonas onde sucessivos conflitos geravam inseguranças incompatíveis com os anseios das populações não beligerantes.

Visitei a cidade do Kilamba à frante da delegação da CIMLOP que esteve em Angola para a Reunião da Primavera da confederação e fui recebido por Oscar Veríssimo da Costa, representante da Administração da Cidade, um pioneiro da mais jovem cidade de África, talvez até do Mundo, que nos falou deste projecto e do seu previsível desenvolvimento.

Ver nascer uma cidade não é coisa de todos os dias. A cidade de Brasília, capital do Brasil, foi obra sonhada, desenhada e construída no nosso tempo. Hoje é uma das cidades mais académicas do Mundo, projetada a régua e esquadro por uma equipa de urbanistas, arquitetos, engenheiros e todos os demais construtores cujo nome mais conhecido é o de Óscar Niemeyer.

A cidade do Kilamba não pretende vir a ser a capital de Angola. Está localizada a cerca de 20 quilómetros a sul do centro de Luanda, tem 54 km quadrados e foi projetada para ter receber um total de 82 mil apartamentos. Num ordenamento urbanístico pensada para oferecer qualidade de vida a quem a procure, sendo de referir que a oferta imobiliária dominante é acessível a sectores da população de menores recursos.

Pude, aliás, visitar um andar modelo de um dos edifícios já construídos na cidade do Kilamba e testemunhei a qualidade desta oferta como aliás deixei referido no Livro de Honra da própria cidade que tive a honra de assinar durante esta visita.

A cidade do Kilamba comprova que o imobiliário tem sido, e continuará a ser, um dos pilares do desenvolvimento de muitas economias modernas que também crescem no acesso generalizado das populações à propriedade da casa que habitam, seja quando o caminho é a construção do novo, como é o caso nesta jovem cidade da Grande Luanda, seja quando o caminho é a reconstrução do que foi construído no passado e já carece de uma nova oportunidade.

Consagrando o empreendedorismo empresarial da Construção e do Imobiliário como um dos pilares para o desenvolvimento do espaço global, que é o espaço lusófono, em muitas das latitudes onde está a conhecer grande crescimento, como acontece em Angola.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 19 de maio de 2014 no Jornal i

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