Em Portugal, o caminho pela credibilização do papel do mediador imobiliário é um caminho que se continua a percorrer. Como em todas as profissões, há bons e maus profissionais, mas no que a esta classe diz respeito, creio que temos feito um trabalho condigno pela defesa do sector e do rigor que nos deve caraterizar.

A profissionalização destes agentes é uma realidade cada vez mais estabelecida, notando-se por parte destes profissionais uma preocupação crescente em reunir mais e melhores competências que lhes permitam assim prestar um serviço cada vez mais completo.

Entre diversos aspetos, o mediador imobiliário aconselha os seus clientes sobre diversos temas, entre os quais a escolha da localização, dimensão do imóvel, qualidade de construção, condições do ativo, e informação sobre encargos, seguros obrigatórios, encargos adicionais ou fiscalidade aplicada.

Cabe a estes profissionais imobiliários satisfazer as necessidades do seu cliente e esclarecê-lo sobre quaisquer dúvidas que o mesmo tenha, garantindo os seus direitos e proteção.

Mas se há coisa que o mediador imobiliário não faz, de todo, é colocar preços nos ativos que medeia. Pode até aconselhar os seus clientes que querem vender, fazendo um estudo de mercado e avaliando os preços que se praticam em imóveis similares e com semelhante localização, mas os preços, esses, nunca é o mediador que os estabelece.

Tem havido um certo discurso populista que insiste em apontar as imobiliárias como as principais responsáveis pelos preços que se estão a praticar, quando apenas lhe cabe um papel: o de mediar os interesses do seu cliente, promovendo o melhor encontro entre a oferta e a procura. E nem sempre esta é uma tarefa fácil, porque a grande complexidade das vendas é fazer com que os potenciais compradores compreendam que, por vezes, têm expetativas demasiado altas, e que os vendedores percebam que, por vezes, a sua casa não vale tanto quanto gostariam.  

O mercado imobiliário é um mercado de certa forma abstrato e por isso difícil de culpabilizar. E em períodos como o que vivemos, em que a oferta é escassa e os preços nos centros das cidades estão longe das necessidades das famílias portuguesas, há uma necessidade generalizada de apontar o dedo a alguém e entregar as culpas pelo que vai mal e desagrada.

Mas esta diabolização que se tenta fazer das imobiliárias, pondo em causa a sua credibilidade, é uma culpa que não vamos nem podemos assumir como nossa. A nós, cabe-nos fazer o nosso trabalho da melhor forma, rigor e transparência.

Se as casas que mediamos estão caras, é porque os proprietários assim o definem e, à partida, ter-se-ão baseado no mercado que se vai determinando pela chamada “lei da oferta e da procura”, que existe no imobiliário como existe em qualquer outro mercado.

Podem assim tentar apontar os dedos para outro culpado, porque as culpas, não estão decerto nas imobiliárias.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luislima@apemip.pt

 

Publicado no dia 04 de julho no Jornal Público

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