A nossa única região continental assumida é o Algarve. Nenhuma outra é referenciada enquanto região nas placas que, nas estradas, indicam o número de quilómetros que faltam até ao destino. Não conheço placas que informem a quantos quilómetros estamos do Norte ou a quantos quilómetros estamos do Centro, mas na A2, quando nos aproximamos do Sul, aparecem placas a dar conta da distancia a que estamos do Algarve.

Só depois, aparecem referências às distancias que nos separam de cidades ou vilas do Algarve, como Albufeira, Faro, Portimão, Silves, Vilamoura, para nomear apenas algumas e por ordem alfabética, o que não anula essa ideia de região única, unida para o bem e para o mal, como o Algarve parece assumir-se, numa convergência de interesses para o qual concorrerão todas as autarquias da Região, na ausência de um Governo Regional.

Relançado, grosso modo, nos anos 60 do século passado, entre a tentação de um turismo de massas, influenciado pelo turismo do Sul de Espanha, e um turismo mais seleccionado de qualidade, o Algarve, hoje, de novo na encruzilhada de grandes opções, também no domínio turístico, sabe que já nenhuma senhora de bem e de bens se contenta em apanhar conchinhas, num passeio de fim de tarde, à beira mar.

Sabendo-se que a excelente rede de campos de golfe existente na Região, não pode ser âncora única – além das do Sol e do Mar – o Algarve precisa, urgentemente, de criar na Região, uma estrutura cultural permanente, com  o impacto e a força de atracção da Casa da Música, da Fundação de Serralves ou do Museu Berardo, para citar três instituições que, como ainda recentemente sublinhei, num seminário sobre turismo algarvio, fizeram mais pelo turismo do Porto e de Lisboa, que muitas políticas de promoção turística para estas cidades.

Na única região portuguesa continental que se assume como Região, é suposto que estejam ultrapassadas as pequenas divergências que sempre entravam na construção de uma identidade regional, o que é meio caminho andado para o próprio lançamento do Algarve, que precisa de uma estrutura cultural permanente forte, quiçá também de um jornal de referência e até de um canal de televisão, naturalmente por cabo.

Talvez então, possamos, com alguma propriedade, escrever Algarve e ALLGARVE.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 25 de Junho de 2010 no Sol

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