A frota de aviões da Ryanair não inclui Junkers, essas máquinas alemãs que em Portugal, nos anos 40 do século passado, efectuavam, entre outras missões, voos de apoio sanitário, em altitude, para crianças afectadas com tosse convulsa, doença também conhecida entre nós, pelo francesismo coqueluche.
A actual frota da Ryanair, os “boeings” da Ryanair, não servirá para cumprir algum plano de voos sanitários, nem muito menos para combater a coqueluche, mas é, para muitos portugueses, uma verdadeira e nova coqueluche, palavra agora utilizada como título para uma situação alvo do interesse e de culto.
De facto, muitos milhares de portugueses já fizeram o seu baptismo de voo na Ryanair, principalmente agora que há uma rota – Porto-Faro – quase desenhada à medida da celebração que sempre acontece, seja de forma efusiva ou seja de forma mais oculta, quando alguém viaja de avião pela primeira vez.
O aeroporto internacional do Algarve, em Faro, está a menos de uma hora do Porto, em voo directo e a preços que, em média, são semelhantes aos dos expressos rodoviários ou dos comboios de longo curso, podendo até ser inferiores, o que acontece nas muitas “promoções” que esta companhia aérea irlandesa lança.
Isto significa – sem rodeios de qualquer espécie – que, graças à Ryanair, um dos nossos destinos turísticos de excelência tem agora, quer interna quer externamente, uma nova e importante ferramenta para se potenciar como destino turístico de referência consolidada, em Portugal como no estrangeiro, há pelo menos meio século.
Tive oportunidade de saudar, neste mesmo espaço, a criação desta rota, o que ocorreu sensivelmente há um ano, e de fazer votos para que ela tivesse uma longa vida, com satisfação dos potenciais clientes (que afinal são suficientes para manter a competitividade deste destino) e com proveito da própria Economia portuguesa. A missão está a ser cumprida.
Uma das novas coqueluches dos voos Ryanair é, pois, a rota que liga o Porto a Faro, onde já sou “passageiro frequente” e onde todos podem ser passageiros frequentes, pois “voar” nesta linha deixou de ser um luxo só ao alcance de alguns passageiros. Uma linha – recorde-se – que nunca foi muito acarinhada pelos companhias aéreas portuguesas.
Às vezes, as lições – incluindo as de Economia e as lições de boa gestão de empresas – aparecem-nos de onde menos esperamos.
Publicado dia 13 de Agosto de 2010 no Sol