Há algo de novo nesta frente ocidental da Europa em que vivemos, algo que se traduz, pelo menos, na linguagem política dos primeiros discursos de 2014, todos eles mais optimistas e confiantes, incluindo até os de alguns políticos, habitualmente muito críticos, que têm sido mais discretos ou mesmo mais moderados na crítica.

Recorde-se que na primeira emissão de dívida pública portuguesa de 2014, Portugal conseguiu colocar mais de três mil milhões de euros, a 5 anos, a juros inferiores aos da última emissão comparável e até conseguiria colocar o triplo a julgar pela procura verificada. Os mercados parece que estão também confiantes nas capacidades do país.

Aquela primeira emissão de dívida deste ano foi, como toda a gente já sabe, uma espécie de balão de ensaio para a emissão de dívida a dez anos que será lançada pouco antes da data provável da saída da Troika – o já famoso próximo dia 17 de Maio -, como exame final da nossa recuperada maturidade em matéria de finanças públicas.

Na sequência de tudo isto, os juros da nossa dívida têm estado a cair, o que mais reforça aquela ideia de confiança e de optimismo que se sente, como disse no início nos próprios discursos de alguns dos nossos políticos, claramente mais confiantes no futuro. Não é só, percebe-se bem, marketing político, mesmo considerando que o marketing político é também necessário.

Há, realmente, algo de novo na frente ocidental da Europa em que vivemos, algo que começa a abrir sérias perspectivas para o crescimento e para o desenvolvimento que o país precisa para voltar a ser um país com futuro capaz de oferecer aos seus, e a quem o escolheu para nele viver, condições e qualidade de vida.

Estes sinais exteriores de renovação da esperança têm de ser acarinhados e consolidados e têm de traduzir-se, o mais rapidamente possível, na inversão do que costumo chamar de ciclo de austeridade em cadeia que tolhe a nossa procura interna destruindo ou fazendo diminuir drasticamente uma classe média que vinha sendo o centro do crescimento económico português.

Sem essa correspondência positiva na vida das famílias e das empresas, os sinais reais de confiança podem perder-se de novo e fazer com que regressemos aos tempos que temos de dizer que a Oeste nada de novo, considerando esta informação como negativa e como desesperante para a cultura de mudança em que queremos e podemos apostar.

Não será com os habituais aumentos de impostos, diretos ou indiretos, a incidir, por exemplo, sobre o património construído, penalizando, no caso português, uma fatia muito significativa da população que tem vindo a ser sistematicamente penalizada neste processo de reajustamentos em que vivemos nos últimos três anos, não será assim que construiremos o futuro.

É fundamental aproveitar esta boa onda do início do ano de 2014, ampliando e consolidando os níveis de esperança alcançados, em todos os sectores da nossa vida, incluindo neste sector que pode ainda contribuir, e muito, para o crescimento pela via da Reabilitação Urbana, do Arrendamento Urbano e do Turismo residencial. É fundamental estar empenhados em que isto aconteça.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 20 de janeiro de 2014 no Jornal i

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