Agora que os portugueses foram chamados a escolher uma nova Assembleia da República e, por inerência, um novo Governo, está na hora de retomar, rapidamente, a normalidade, num quadro que todos adivinhamos difícil, tentando, se possível, recuperar algum do tempo que o recente processo eleitoral inevitavelmente gastou.

Está na hora, por exemplo, de impulsionar as medidas de dinamização do mercado de arrendamento urbano e do mercado da reabilitação urbana que marcaram os últimos dias do Governo anterior, medidas que se assumiram como um sinal de esperança para o sector da Construção e do Imobiliário e que eram consensuais na sociedade portuguesa e até nos principais partidos.

O sinal que o Senhor Presidente da República deu, ao chamar, na segunda-feira, a Belém, o líder do partido mais votado para, menos de 24 horas depois do termo do acto eleitoral, o convidar a formar Governo é, já por si e pelo ineditismo da urgência, um indício exterior de que não temos, realmente, muito tempo a perder.

Uma das fórmulas mais eficazes para não perder tempo é – todos o sabemos – a fórmula que evita repetições inúteis de tarefas. Perder tempo será desprezar, como numa “vingança”, tudo o que já encontrou soluções consensuais que só não foram ainda aplicadas pelo facto de um acto eleitoral ser sempre um travão às decisões políticas.

São os casos das medidas de dinamização do mercado de arrendamento urbano e do mercado da reabilitação urbana, transversais aos projectos políticos de maioria dos partidos, e indispensáveis para relançar o crescimento económico do país e até para recuperar alguma mão-de-obra perdida, parte dela pouco qualificada.

Como na hora em que o país decidiu antecipar uma reflexão sobre o nosso futuro o disse, “pior do que a inimizade entre o bom e o óptimo é o calculismo que pode instalar-se entre inimigos íntimos que disputam os mesmos amores, sejam eles os favores do eleitorado sejam eles a compreensão dos aliados mais bem posicionados e poderosos”.

Como na altura também disse, ultrapassado que esteja o cenário de serviços mínimos de um Governo de gestão, é preciso que aquele sentido de Estado prevaleça e que não haja, seja em que circunstância for, a tentação de alterar o que reconhecidamente de bom já tenha sido adoptado ou esteja proposto. 

Estou esperançado que a pausa a que o processo eleitoral nos votou, termine rapidamente e que o sentido de responsabilidade dos que vão receber o testemunho do Governo anterior se afirme com clareza, nomeadamente neste importantíssimo sector cujas debilidades e potencialidades estão, há muito, perfeitamente identificadas e reconhecidas.

 

Luís Carvalho Lima

Presidente da APEMIP

luislima@apemip.pt

 

Publicado no dia 8 de Junho de 2011 no Público Imobiliário

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