Há na noite de S. João, que volta a celebrar o Solstício de Verão já na próxima madrugada de segunda-feira, um sábio equilíbrio, apesar dos excessos, entre o “yin” ou princípio feminino e o “yang” ou princípio masculino, entre a Lua e o Sol, entre o anoitecer e o amanhecer, que só na noite mais curta, precisamente a de S.João, conseguem encontrar-se fugazmente.

Este equilíbrio, que pode ganhar imensas denominações, como bom senso, sabedoria, capacidade para gerar compromissos, é o mesmo equilíbrio que procuramos para relançar a nossa própria Economia, um sábio entrelaçar entre as exigências das reformas estruturais que a nossa situação exige e a indispensabilidade de uma agenda de crescimento que gere riqueza.

Às vezes, na pressa e no laconismo com que comunicamos não temos tempo nem espaço para explicar bem a magia do equilíbrio que o Solstício de Verão nos ensina quando aplicado, por exemplo, ao sector da Construção e do Imobiliário. Isto percebe-se, com uma estranha clareza, quando somos obrigados a aceitar que a Reabilitação Urbana, mesmo que seja mais cara que a construção nova, é o caminho mais equilibrado.

Este é o verdadeiro sentido do que tenho vindo a dizer, às vezes citado naquela pressa e laconismo que pode trair o nosso pensamento, quando me refiro às hesitações que existem no que respeita à Reabilitação Urbana e às pontes que faz com o Arrendamento Urbano e com o Turismo Residencial. Algum do caminho que é preciso trilhar para a nossa recuperação tem de passar por aqui e com apoio do Estado.

A Reabilitação Urbana é fundamental para preservar as nossas raízes culturais mas só vingará se puder ancorar-se num verdadeiro mercado de arrendamento urbano. Se há dificuldade de crédito para adquirir habitação própria nova também há dificuldade de crédito para a habitação reabilitada, mas o retorno desta opção é imensamente maior do que qualquer outro.

Este retorno multiplica-se na dinamização do nosso turismo residencial, potencialmente de elevada qualidade. é visível no plano das poupanças de energia, pelo regresso aos centros de grande parte da população que migrou para as periferias, e é uma das raras vias para recuperar uma significativa fatia do emprego perdido, em especial num sector como o da Construção e do Imobiliário onde há muito desempregado com dificuldade em regressar à vida activa.

Como tive oportunidade de dizer ao actual primeiro-ministro, quer quando ele ainda estava na Oposição quer, mais recentemente, já na sua qualidade de Chefe de Governo, esta opção pela Reabilitação Urbana contém em si o equilíbrio que falo no início desta reflexão, um dos equilíbrios necessários ao relançamento urgente e inadiável da nossa própria Economia.

Para que o anoitecer possa encontrar-se, finalmente, com o amanhecer e não fugazmente como na noite do Solstício de Verão, entre nós, noite de S. João.

Luís Lima Presidente da APEMIP e da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 19 de Junho de 2013 no Público

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