No tabuleiro da antiga edição portuguesa do Jogo do Monopólio (também conhecido pelo jogo do Banco Imobiliário), a Rua Augusta, em Lisboa, valia 3500 escudos e ficava entre uma casa denominada “sorte” e uma outra onde se pagava uma taxa de luxo de mil escudos.
Na semana passada caí lá, na Rua Augusta, mais precisamente no edifício em recuperação que alberga o Museu da Moda e do Design, edifício que ocupa um quarteirão inteiro delimitado pelas ruas do Comércio e de S. Julião e pelas emblemáticas Rua Augusta e da Prata.
Foi lá que decorreu o jantar de gala do Salão Imobiliário de Portugal com a entrega dos prémios SIL, entre os quais se incluiu o Prémio Nacional do Imobiliário SIL’09 atribuído à Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).
O edifício em causa, antiga sede do Banco Nacional Ultramarino, sofre remodelações praticamente desde que foi construído. Aquele quarteirão, hoje edifício único, só no princípio do século XX se transformou num único prédio, actualmente com oito pisos e uma área total de 14.000 metros quadrados, catorze mil.
Se voltasse a integrar um tabuleiro do Jogo do Monopólio, valeria muito mais do que os 3500 escudos de antigamente. Valeria ouro, como aquele que dá nome a uma outra rua, emblemática, desta mesma zona da Baixa Pombalina da sempre deslumbrante e luminosa cidade de Lisboa, cuja reconstrução é urgente.
Hoje, muito do verdadeiro ouro do sector imobiliário está na reabilitação dos centros urbanos. Não é demais repeti-lo, no caso a pretexto dessa noite de sonho na casa do MUDE, o Museu da Moda e do Design, onde a mediação brilhou quando a APEMIP foi ser reconhecida como instituição do ano no sector.
Voltando ao jogo do Banco Imobiliário, entre nós bem conhecido como Jogo do Monopólio, direi que investir na reabilitação e na regeneração urbanas não pode ser nem um jogo, como os jogos da sorte e do azar, nem algo que mereça pagar uma taxa de luxo para aproveitar o nome de duas “casas” do tabuleiro em cartão, que me animou tantos serões.
Investir na reabilitação dos centros urbanos é uma certeza e um dos caminhos de um imobiliário convocado para a recuperação económica. Assim os poderes políticos (o Central, mas também o Local) o assumam, concretizando com medidas concretas as belas declarações de intenções que sempre se fazem sobre esta consensual matéria.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 25 de Setembro de 2009 no Sol