Independentemente das várias e opostas leituras que possam ser feitas sobre as reais intenções do recurso ao “layoff”, por parte de uma das mais conhecidas empresas de construção do país (uns falam de uma antecâmara para despedimentos colectivos, outros de um sinal de perigo de falência, outros ainda de uma pausa para evitar males maiores), a verdade é que, esta notícia pode ser um balde de água gelada na vontade e na urgência de reanimar o sector.

Quando uma empresa de referência no sector, com significativa percentagem de facturação em projectos no estrangeiro, opta por colocar em “espera” quase 30% dos trabalhadores que fazem parte do respectivo quadro, os sinais que esta decisão envia para o sector não são nada tranquilizadores e deveriam fazer soar todas as campainhas de alarme de quem de direito, à cabeça dos quais os nossos próprios governantes.

Dinâmicas potencialmente negativas como esta tornam mais urgente a necessidade de embarcar num dos mais seguros comboios do sector, o da Reabilitação Urbana, cuja velocidade ideal de cruzeiro implica que o mercado do Arrendamento Urbano funcione correctamente, condição insubstituível para que os resultados que a Economia espera do projecto nacional da Reabilitação Urbana, sejam realmente alcançados.

Falo, desde logo, e em primeiro lugar, da recuperação de mais de cem mil postos de trabalho já perdidos ou em vias de se perderem, no sector da Construção e do Imobiliário com todas as consequências para o país, consequências que não se esgotam no contributo negativo para a quebra da procura interna e que se potenciam na diminuição da auto-estima colectiva num quadro de crescentes dificuldades.

Acresce, em nome da urgência na aposta da Reabilitação Urbana e, por necessidade prévia na dinamização do Mercado de Arrendamento Urbano, que estes projectos alavancam negócios de milhões de euros, cativam investimento estrangeiro e são também uma exigência ética da nossa geração, obrigada a legar aos vindouros um património construído num quadro de sustentabilidade o mais irrepreensível possível.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 16 de Dezembro de 2011 no Diário de Notícias

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