Ítalo Balbo, que chegou a general da Força Aérea, tendo sido Ministro da Aeronáutica num Governo de Benito Mussolini e Governador da Líbia quando este território era uma colónia de Itália, morreu, por engano, em 1940, a pilotar um avião confundido como inimigo e abatido pela força anti-aérea italiana em Tobruk.
Ainda hoje, é uma das mais conhecidas vítimas do chamado fogo amigo (do inglês Friendly Fire), apesar de dúvidas, nunca esclarecidas, a admitir a hipótese do engano de Tobruk, ter sido uma execução sumária encomendada pelo próprio Benito Mussolini que nunca terá perdoado a Balbo algumas criticas assumidas publicamente.
Em sentido figurado, também no actual momento político poderá haver algum fogo amigo, capaz de causar danos colaterais elevados. Julgo que também é esse o sentido da pronta reacção do Dr. Basílio Horta, o homem forte da promoção do nosso comércio externo, quando diz que a turbulência em Portugal irá gerar ondas cavadas, não excluindo, embora desejando o contrário, um tsunami que nos afaste dos financiamentos que tanto precisamos.
O pior do fogo amigo é não podermos, realmente, evitá-lo. Não contamos com ele, não contamos com o engano, e, quando damos conta “já éramos”, para utilizar uma expressão generalizada entre os mais jovens. E não adianta que seja, em inglês, friendly fire. É que este fogo, que não é aquele fogo que arde sem se ver, também pode matar. Esperemos que não e que saibamos controlar ao máximo esses efeitos colaterais.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 30 de Março de 2011 no Diário Económico