Um estudo publicado no ciberespaço do Market Daily Briefing, que entretanto apareceu numa tradução comentada de um blogue português, refere, fazendo do mercado imobiliário norte-americano o mercado padrão, que em Portugal, como na Alemanha, na Áustria e em Itália, não existe, desde há dez anos,  uma bolha imobiliária.

Existem bolhas na Bélgica, na França na Espanha, na Holanda e na Irlanda, mas nem todas estas bolhas rebentaram. O critério destas avaliações assenta basicamente em conferir se nesses dez anos o valor dos imóveis duplicou (bolha) ou não (ausência de bolha) e, quanto ao rebentamento, na comparação com a situação nos EUA.

Os esforçados tradutores deste artigo, que têm, noutras ocasiões, produzido vasta opinião a defender a existência de uma bolha em Portugal, dizem que o critério dos preços dos imóveis não pode ser o único e que devem ser tidos em conta outros critérios como os do poder de compra das populações. É certo, mas o preço tem de contar.

E o nosso preço (mais ainda se visto pelo prisma da relação preço/qualidade) foi sempre, nesta última década, indicador de que Portugal soube evitar uma bolha imobiliária como a que deflagrou noutras economias perto de nós, sendo, por isso, um bom e seguro destino para investimentos que a crise financeira mundial tornou órfãos. 

Infelizmente, em nome da bolha que não existe, insistiu-se e ainda se insiste na quebra artificial dos preços, quebra alimentada pela componente subjetiva dos negócios e também pela necessidade de muitas empresas do sector em fazer movimentar o mercado e, por esta via, gerar liquidez necessária à própria sobrevivência. 

Sempre classifiquei esta estratégia comercial de desastrosa e injustificável face à nossa realidade, mesmo quando parecia estar a garantir o rápido escoamento dos ativos imobiliários indesejáveis que a banca portuguesa tem vindo a acumular, e sempre disse que a desvalorização do valor do património era artificial e perigosa para o país.

E sempre referi que em Portugal, onde a média de valorização do património imobiliário é ligeiramente superior à media da inflação, numa avaliação continuada de mais de duas décadas, só insiste na existência de uma bolha quem quer desvalorizar para comprar ao desbarato. Os números agora confirmados por terceiros, falam por si.

Também sempre referi, que no atual contexto da crise financeira mundial, os investidores mais prudentes que temem as oscilações e incertezas de investimentos mais

voláteis, como foram todas aqueles que se centraram no próprio sistema financeiro, vêem nos mercados imobiliários estabilizados e não especulativos (sem bolhas) como é o nosso um refúgio de confiança.

Alertar para isto, para a incompreensível tendência em desvalorizar o nosso património, não é acreditar em teorias da conspiração, é acreditar e defender a riqueza que Portugal com tanto sacrifício criou nesta área.

Luís Carvalho Lima

Presidente da APEMIP e da CIMLOP – 

Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

luislima@apemip.pt

Publicado no dia 17 de abril de 2013 no Público

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