O verdadeiro Pai Natal do sector imobiliário analisa os pedidos dos interessados e encontra na oferta existente a prenda certa. Este trabalho é, em regra, suportado por quem vende se e quando vender – o verdadeiro Pai Natal é um mediador encartado entre a procura que está em condições de ser procura e a oferta adequada a cada manifestação de interesse. O mercado dispensa falsos Pais Natais que só sabem muito bem cobrar à cabeça comissões extra. 

Na verdade, uma casta de supostos intermediários salvadores que estão a reaparecer com a dinâmica do renascido mercado imobiliário de verdadeiro só têm o facto de serem falsos mediado-res, ou melhor, gente que exerce uma mediação ilícita, tal qual um segundo mas falso Pai Natal disposto a disfarçar-se de simpático velhinho de barbas brancas só para cobrar umas comissões extra, quase sempre elevadas.

Estes falsos intermediários, herdeiros de um identificado grupo de mediadores ilícitos que marcou o tempo áureo do mercado imobiliário português, estão de regresso agora que o mercado está em recuperação provando apenas que há realmente recuperação (caso contrário eles não reapareci-am) e que continua a haver gente capaz de adoptar expedientes desonestos para ganhar proventos ilegítimos.

É bom recordar que qualquer proprietário de um bem imobiliário, seja ele um particular seja ele uma pessoa colectiva, como por exemplo uma instituição, pode vender directamente a quem quiser e estiver interessado o respectivo bem sem qualquer mediação. Podendo, em alternativa, recorrer aos serviços de mediadores imobiliários a escolher num vasto grupo de profissionais habilitados a exercer essa tarefa de forma regulada e segura para todas as partes envolvidas.

Não basta ser barrigudo, colocar umas falsas barbas brancas, enfiar um barrete vermelho, vestir umas roupas igualmente avermelhadas e carregar um saco às costas supostamente cheio de catálogos de casas para garantir segurança nas transações imobiliárias. Em regra, o que estas per-sonagens pretendem garantir é a choruda comissão extra pelo trabalho de duplo Pai Natal, como se o verdadeiro Pai Natal necessitasse de duplos.

Estes recentes supostos profissionais, que se apresentam a quem quer comprar, sob o pseudónimo de intermediários, como os únicos especialistas na arte de descobrir quem quer vender, estão a infiltrar-se no mercado imobiliário, que reaparece com alguma dinâmica, acrescentando às transações custos elevados e indesejáveis desde logo pelo simples facto de não corresponderem a qualquer serviço útil ou necessário à transação.

A actuação destes falsos Pais Natais do imobiliário configura uma prática de angariação de dinheiro fácil que, bem estudada, tem características que a aproximam dos contos do vigário. Mesmo travestidas com designações muito atraentes e supostamente muito inocentes, tais práticas são realmente manifestações de mediação ilícita e de medição que não acrescenta qualquer valor ou segurança ao mercado.

Capazes de descobrir que a Torre de Belém, a Torre da Universidade de Coimbra e a Torre dos Clérigos estão à venda e que eles, num gesto de altruísmo natalício, estão dispostos a ceder a posição que detêm no negócio, a troco de uma pequena comissão de valor indexado ao valor destas torres – infelizmente ainda há quem se faça passar pelo Pai Natal e, sem qualquer pingo de ética, dê uma péssima imagem à verdadeira medição imobiliária.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com 

Publicado no dia 02 de Janeiro de 2016 no Sol

Translate »