Há 192 anos, o Brasil recuperava a sua independência política e afirmava-se como o maior Estado da América do Sul, retomando um processo histórico que tinha sido interrompido 322 anos antes com a chegada de Seu Cabral, de Pêro Vaz de Caminha e de outros portugueses a Porto Seguro.
O Dia da Independência do Brasil celebra-se a 7 de Setembro e é, como todas as datas da História de qualquer Estado Soberano, um dia de grande festa numa data que sempre ajuda a fortalecer os sentimentos de orgulho e pertença que uma nacionalidade saudável gera em todos quantos nela se revêem.
O 7 de Setembro no Brasil corresponderá ao nosso 1 de Dezembro, o Dia da Restauração da Independência de Portugal, data que consagra o primeiro dia do último mês do ano de 1640, quando o Poder político em Lisboa, sob domínio de Castela desde 1580, voltou a pertencer aos portugueses.
Há dias, em Lisboa, tive o privilégio de assistir, a convite da Embaixada do Brasil em Portugal, à celebração do 7 de Setembro, e testemunhei, mais uma vez, como os brasileiros sabem dar a importância devida às efemérides que realmente têm importancia e contam.
Nós deixamos cair o Dia da Restauração da nossa Independência, muito antes do 1º de Dezembro ter deixado de ser feriado, e elegemos o 10 de Junho (que é o dia, no ano em que Filipe II de Espanha tomou conta disto, da morte de Luís de Camões) para Dia de Portugal. Os brasileiros – e muito bem – não esquecem o 7 de Setembro.
Dentro de oito anos, projecto eu, as celebrações do segundo centenário da Independência do Brasil, vão ter um impacto tão grande ou maior como tiveram as celebrações do segundo centenário da Independência dos Estados Unidos da América, em 1976, ano em que muitos boeings andaram a voar pelo Mundo mostrando, pintadas de forma bem visível nas paredes exteriores da fuselagem, as duas datas (1776 e 1976) e a bandeira dos EUA.
Tal como a dos Estados Unidos, também a presente capacidade industrial do Brasil contempla a produção de aviões, o que mostra um estádio de desenvolvimento e de conhecimentos compatível com qualquer ambição. O Brasil já é uma potência mundial que no bicentenário da sua independência estará mais do que reconhecida pelo Mundo.
Ter tido ao longo da História longos períodos comuns, em que nos influenciamos mutuamente, e, principalmente, falar a mesma língua são claramente circunstâncias que nos aproximam, com vantagens idênticas às que beneficiam os familiares que, respeitando-se, dão-se bem.
É assim que eu olho para o Brasil. Mais do que para um mercado de quase 200 milhões de sul americanos que falam Português ou para uma economia emergente com uma crescente classe média potencialmente interessada em investir em Portugal, mais do que isto, vejo o Brasil como um parente que nunca deixará de o ser, alguém com quem mantemos sempre laços bem apertados e solidários, talvez mais ainda depois da Independência de 7 de Setembro de 1822.
Como cantou um dia Chico Buarque de Holanda, “Ai esta terra ainda // vai cumprir seu ideal “…
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 10 de setembro de 2014 no Público